24.9.07
Como eu posso medir o impacto que 'A Via Láctea' teve em minha cabeça quando tinha 11 anos e o vi pela primeira vez na TV? Até ali eu achava que cinema era só roteiro, que tudo tinha que fazer sentido... esse filme explodiu essa noção pré concebida que eu tinha. Um pouco depois vi 'A Bela da Tarde' e vi um dos mais espetaculares lances de roteiro que pude imaginar, a cena da 'caixa chinesa', sem paralelo com nada que eu vi depois (quem viu o filme sabe do que estou falando). Um gênio.
(acima: o meu livro, com o DVD da Mario Bava Collection ao lado para comparar o tamanho)
Eis um livro que eu não conseguirei ser nem um pouco neutro... o Heráclito já contou no blog dele a história, eu 'acompanhei' pelo Fábio primeiro os telefonemas que ele mais o Daniel e o Rodrigo começaram a trocar com o Antônio, que depois viraram visitas e culminou neles sendo convidados para os almoços de sábado na casa de nossa lenda do spaghetti western... devo ter sido um dos primeiros a perceber que o que começou como uma entrevista ia acabar virando um livro, pois era informação demais para um só artigo (na primeira vez que eu falei isso o Fábio riu)... me enche de alegria saber que todo esse esforço finalmente foi publicado, ainda mais no Brasil, que é avesso a esse tipo de literatura. No mais, é torcer pelo sucesso dessa empreitada deles, e que essa seja a primeira de várias pesquisas desse tipo. Bravo, meninos!!!
20.9.07
Do (ótimo) blog Arbogast on Film (http://arbogastonfilm.blogspot.com/), do meio de uma resenha sobre 'Disturbia':
"(...)Sarah Roehmer é um equivalente a Grace Kelly com cara de cavalo(...)"
Seguuuuura Peão!!!!!
Ha ha ha ha ha ha ha...
17.9.07
e também por um dos piores (e também, ao mesmo tempo, um dos mais divertidos), 'Reptilicus', um filme tão 'bom' que acabou rendendo uma CPI no congresso da Dinamarca (para explicar porque o exército fez, sem cobrar nada, manobras para serem rodadas e utilizadas na produção pelo cineasta e picareta Sidney Pink).
Aos interessados, a homepage pessoal dele fica aqui - http://ibmelchior.com/main.html.
(ainda preciso descobrir como se arma um link direto...)
O cara devia ser uma figura: nascido na Grécia, criado em Dublin, se mudou primeiro para os Estados Unidos, aonde escreveu livros GENIAIS sobre a Nova Orleans dos creoles. Depois se mudou para o Japão, como correspondente de um jornal, gostou tanto que se fixou lá, se naturalizou (adotando o nome de Koizumi Yakumo) e escreveu este brilhante livro sobre o folclore sobrenatural da ilha. Um pouco mais de sessenta anos após sua morte esta obra foi adaptada de forma magistral para as telas por Masaki Kobayashi, como 'Kwaidan', disponível em DVD no Brasil pelo selo favorito do Capitão Gancho, a Continental. Não há motivo nenhum para quem se disser fã de horror não ver este filme genial, um dos melhores já feitos no gênero, duas horas e quarenta de atmosfera pura. Alugue, compre, copie , mas VEJA.
13.9.07
Hi Kururéba
Sasoëchi mono wo -
Akanuma no
Makomo no Kuré no
Hitori - zé zo uki
Traduzido por mim do inglês...
Convidei-o para retornar comigo
Agora dormirei só na sombra do Akanuma
Que miséria indescritível...
5.9.07
Bava pai vinha da decepção de ter seu 'Lisa e o Diabo' no limbo, sem encontrar distribuição em nenhum lugar do mundo (tal obra só seria lançada mundialmente em 1976, em uma versão bastardizada chamada 'Casa de Exorcismo'). Precisava se modernizar, mostrar que sabia se virar sem castelos e monstros, que estavam ficando fora de moda naquele 1974. Por isso topou rodar algo totalmente diferente do que já havia feito: um roteiro passado em tempo real, sem estilizações nem elementos sobrenaturais. Por sinal ia rodar em 16mm, tudo com o sol estourando, que ia dar ao filme um tom 'realista' como nunca havia sido visto na obra dele, que sempre tangenciou o cinema fantástico.
A primeira de muitas catástrofes aconteceu quando um dos atores (o que representava o motorista sequestrado) adoeceu depois de uma semana de filmagem, e o trabalho, que ia durar apertadas quatro semanas, foi reduzido a três. O ator substituto, Riccardo Cucciola (mais conhecido por 'Sacco e Vanzetti'), faz o papel de maneira exemplar, chega a ser difícil imaginar outra pessoa no lugar dele. Desta vez se driblou o destino, mas depois ele se mostraria imponderável...
Com as filmagens principais completadas, uma 'working print' de Mario Bava pronta, a trilha composta e a necessidade de se filmarem mais alguns takes, o produtor morre num acidente de carro, o que ocasionou uma briga de sua esposa com os sócios da produtora e resultou na falência da mesma. Com isso, as latas de filme são sequestradas por um complexo processo de inventório judicial e ficam em um depósito, numa confusão dos diabos. Isso ocorreu no final de 1974. Mario Bava morreu em 1980, dando por perdidas duas de suas obras-primas, 'Lisa e o Diabo' (que só foi lançada em sua versão original em meados dos anos 80, quando lançar 'Casa de Exorcismo' para a TV se mostrou inviável e o produtor acabou lançando a versão original) e 'Rabid Dogs'.
Em meados dos anos 90 a atriz Lea Lander, que fazia o papel de refém, conseguiu adquirir os direitos sobre o filme. Para montá-lo e lançá-lo contatou Lamberto Bava, filho do homem e co-diretor, mais os jornalistas Peter Blumenstock e Tim Lucas, que se encarregaram de providenciar um lançamento através da gravadora do primeiro. Essa versão era basicamente o 'workprint' de Bava pai, acrescido de um brilhante take inicial (feito por Blumenstock), de uma mulher chorando. Foi feito o lançamento inicial, foi exibido em festivais e sessões especiais (como a do Comodoro, em São Paulo) e ficou mais ou menos por isso mesmo. Os poucos que viram essa versão ficaram encantados, os estudiosos de Bava puderam ver a obra que ficou um quarto de século escondida, mas para o público geral 'Rabid Dogs' continuou sendo um filme perdido.
Na virada do século o filme foi adquirido por Alfred Leone, que foi produtor de Bava e está providenciando o relançamento da obra completa dele em DVD. Por mais que gostasse do filme, achava que ele era inadequado para lançamento em cinema (e DVD) nos dias de hoje. Por isso, filmou mais ou menos 20 minutos de novas cenas (dirigidas por Lamberto e Roy Bava), passadas dentro de uma delegacia, e providenciou uma nova trilha sonora, mais 'discreta' e incidental, do mesmo Stelvio Cipriani que compôs a trilha original. Em minha modesta opinião estas cenas novas pioram o filme, roubando-lhe muito da urgência e diminuindo o clima de claustrofobia do original. A nova música é mais 'palateável' que a original, mais moderna, sem o charme sententista da balançante 'banda sonora' usada anteriormente.
Caso esta fosse a única versão lançada mereceria a execração pública, mas houve o imenso bom sendo de dar ao espectador a chance de compar a 'versão do produtor' Leone com a visão original imaginada por Bava pai. Na verdade é praticamente o mesmo corte que havia sido lançada em DVD por Blumenstock, com créditos diferentes (solarizados em verde e vermelho) e sem o 'shot' inicial citado. Além disso o DVD contém um documentário sobre as circunstâncias acidentadas da obra, e o comentário de Tim Lucas, biógrafo do diretor. Em resumo, um DVD obrigatório para o crescente fã-clube de Bava.
3.9.07
Fingimu qui fumo e vortemo
Ói nóis aqui traveiz"
(ou, para quem curte coisas mais pesadas... como eu!!!)
I been too long I'm glad to be back
Bom, é isso. Com esse post encerro as férias forçadas deste blog, e o declaro ativo de novo. Longa vida ao Olhar Elétrico!!!!
7.1.07
Como eu já previa, muita coisa boa ficou de fora dos meus melhores do ano. Que tal uma pequena lista adicional, com alguns desses filmes...
Se fosse um pouco mais regular, se o nível de algumas sequências se estendesse pelo resto do filme, estaria entre os cinco melhores do ano. Melhor uma obra prima com defeitos que um filme inteiramente medíocre. Aguilar, toma vergonha na cara e revê esse filme.
Seria um filme médio de horror se eu tivesse visto em vídeo, mas a possibilidade de vê-lo no cinema deixou-o melhor e mais sinistro. Leio várias reclamações sobre uma tal invasão oriental... enquanto os filmes continuarem legais, que eles continuem vindo.
Esse ficou de fora da lista por distração, é uma das experiências mais tensas que já passei no cinema. O que podia ser defeito virou qualidade: os atores amadores ficam falando um em cima do outro, deixando tudo mais tenso e realista ainda. Ótimo momento de Paul Greengrass.
Dois episódios da primeira temporada de Mestres do Horror que só foram exibidos em 2006. O primeiro, de Larry Cohen, é um excepcional jogo de gato e rato na estrada, com um favorito da banca (Michael Moriarty) num dos papéis principais. O segundo é talvez a obra-prima da primeira temporada da série, um sádico conto de fadas saído da mente doente de Takeshi Miike.
Uma pergunta para os meus 5 leitores: eu devo publicar resenhas de música e televisão neste blog mesmo ou devo criar outro especificamente para isso... (não descobri, no laptop da casa dos meus pais, aonde fica o ponto de interrogação...)
A revista eletrônica Zingu(http://revistazingu.blogspot.com) chega a seu quarto número. Leiam, é demais. Vale só pela foto de Edwige Fenech que ilustra a propaganda do mesmo, no blog gêmeo deste (por sinal roubei para ilustrar o meu, sem pedir permissão, mas acho que não vai ser problema), o Mondo Paura do Marcelo Carrard. Dona Luciane reclamou que sempre comentamos mais ou menos os mesmos filmes... que fazer se a gente sempre vê os mesmos filmes, se crescemos vendos os mesmos filmes... temos opiniões diferentes sobre vários assuntos (talvez pelo singelo motivo de sermos pessoas diferentes), mas vai ser difícil fugir de uma temática similar.
4.1.07
Quem diria... até a segunda metade dos anos 90 o cinema coreano era motivo de piada entre os fãs de filmes asiáticos. Faziam os filmes de horror mais toscos e burros daquela região, iam para lá atores que caiam em desgraça na China e na Tailândia... foi com surpresa que começamos a testemunhar o aparecimento de filmes bacanas vindos de lá. Primeiro (Whispering Corridors) parecia um acidente, com o tempo a quantidade e diversidade de filmes legais vindos daquela parte do mundo teve que ser reconhecida. Hoje vou resenhar três, que chegaram às minhas mãos há pouco tempo.
Até filmes de gangster se aprendeu a fazer na Coréia... e dos bons. Oldboy não foi um acidente, então... resumindo um roteiro do qual se deve divulgar o mínimo possível, um capanga de um gangster recebe como missão cuidar da namorada de seu chefe, e descobrir se ela tem um amante. Tudo vai bem (ele flagra os dois, dá uma surra nele e diz que se pegar os dois junto de novo atira neles), até o chefe voltar e resolver, sem explicar muito bem a razão, que tem que dar uma surra nele. Digamos que ele não acha lá muita graça da situação e resolve devolver para o chefe na mesma moeda...
Uma resposta para quem, como eu, reclamava que os orientais não estavam mais fazendo kaiju eigas (filmes de monstros gigantes)... e , como eles bem gostam, misturando gêneros distintos. Aqui temos a saga de um monstro, criado quando uma base americana deixa escapar lixo radioativo.
Tudo funciona: o monstro é MUITO feio (como tem que ser), a ação é constante, a mistureba de gêneros gera uma impressionante alternância de climas (tensão, humor...), e, coisa rara no gênero, sente-se muito a perda de vidas humanas na passagem do bichão. Está sendo exibido nos cinemas em todo o mundo civilizado, basta torcer para chegar por aqui.
R - POINT
Uma mistura de gêneros que só os orientais sabem fazer: filme de guerra, de ação e de horror!!! Um pelotão é enviado ao tal Ponto R do Vietnã (equivalente, em fama, ao Triângulo das Bermudas) para descobrir o que ocorreu com uma tropa enviada para o mesmo local algum tempo antes. Aos poucos, os soldados começam a notar, ham, estranhas presenças no local, assim como tropas francesas, americanas e vietnamitas que também passaram por lá e não voltaram. Ao notarem que estas presenças tem o estranho poder de enlouquecer todos que convivem com elas, eles reparam que vão ter que lutar contra tudo e contra todos para conseguirem retornar com vida ao seu pelotão... como eu já disse, há uma bela duma mistureba de gêneros, que para surpresa geral funciona. O clima é tenso, quase não se explica nada (bem como eu gosto) e há farta distribuição de um certo líquido vermelho que não deve faltar nos filmes de nenhum dos gêneros emulados. Ótimo.
30.12.06
O Labirinto do Fauno – Guillermo del Toro
Apavorante visão da infância na guerra franquista. Como se alguém precisasse de uma prova do talento de Guillermo del Toro, ele nos entrega um filme fantástico sem concessões ao bom gosto hollywoodiano, aonde os maiores monstros estão no lado humano da história. Triste, belo, um mostra de como a fantasia pode ajudar a viver uma vida em tempos mais negros que qualquer ficção.
Viagem Maldita- Alexandre Aja
Prova que Aja não era fogo de palha, e que Haute Tension não era um acidente de percurso. Impecável, melhor que o original (como Wes Craven mesmo admitiu), o que todos achamos que seria impossível.
A Prairie home companion – Robert Altman
Digna e emocionante despedida de Altman, da vida e do cinema.
Os Infiltrados – Martin Scorcese
Ultra nervoso, uma linda transposição de um filme chinês para a cultura americana. Impecável, seja em sua invejável parte musical, seja nas atuações.
Heart of Gold – Jonathan Demme
Elenco impecável (Neil Young, Emmylou Harris), cenário sensacional (Teatro Hyman, em Nashville), música sensacional (a fase country de Neil Young). Chega a ser covardia.
Volver – Pedro Almodover
Algo está esquisito no mundo quando o melhor filme feminista do ano é dirigido por um homem... Almovar em forma, não preciso dizer mais nada.
No Rastro da Bala – Wayne Kramer
Caso Scorcese não estivesse na ativa e tivesse feito um filme de gangster, esse seria o melhor filme scorcesiano do ano. Raro caso de filme clipado que não vira uma palhaçada.
Assombração – Pang Brothers
Pode ter decepcionado quem foi ver sangue e horror, mas é um dos filmes fantásticos do ano. Mais uma prova do talento dos irmãos Pang.
O Segredo de Brokeback Mountain – Ang Lee
O romance mais tocante do ano no cinema foi entre dois homens... isso é sinal de alguma coisa...
Cassino Royale – Martin Campbell
Bond é relevante de novo... Viva Martin Campbell!!! Prometo nunca mais chamá-lo de clipeiro e mau diretor.
Espíritos
Uma apavorante experiência cinematográfica vinda da Tailândia. Que venham mais!!!!!
O Albergue – Eli Roth
...e não é que o guri tem talento mesmo... não deve ser exatamente a obra mais popular do mundo no leste europeu, mas acaba convencendo na composição de climas e violência delirante.
Zona Morta
Borat – vi em divx, não estreou nos cinemas ainda. Hilariante
Dark Waters – Melhor DVD contemporâneo do ano. Lançado no mundo civilizado, não aqui.
Dellamore Dellamorte – Lançado em DVD no mundo civilizado. Fascinante. Melhor filme fantástico lançado em 15 anos.
De vota ao Vale das Bonecas – Obra-prima de Russ Meyer finalmente disponível em DVD.
Pelts – episódio de Dario Argento no Mestres de Horror deste ano. O maior banho de sangue do ano.
The Host – A surpresa do ano vem da Coréia, um filme de monstros que destrói todas as regras estabelecidas para filmes de monstros
O Sacrifício
Desaforo imenso com um dos melhores filmes dos anos 70. Dá vontade de trancar todos os responsáveis por ISSO num homem de palha e tacar fogo.
A Dama na Água
Há alguns anos atrás, Shalayan era comparado a Hitchcock e Spielberg. Mais uns dois ou três filmes como esse (e seu antecessor, A Vila) e sua turma vai passar a ser Ed Wood e Phil Tucker Jr, ainda mais depois que O Labirinto do Fauno mostrou como uma fábula adulta deve ser. Mostra o que ocorre quando um roteirista começa a achar que é gênio e não descarta suas idéias de girico.
Pulse
Seria candidato a pior refilmagem do ano caso não fosse atropelado por O Sacrifício. Ruim,medíocre. O que Wes Craven está fazendo nesse projeto é algo que chega a assustar aos que ainda acreditam em seu talento.
18.12.06
Our life together is so precious together
We have grown, we have grown
Although our love is still special
Let's take a chance and fly away somewhere alone
It's been too long since we took the time
No-one's to blame, I know time flies so quickly
But when I see you darling
It's like we both are falling in love again
It'll be just like starting over, starting over
Everyday we used to make it love
Why can't we be making love nice and easy
It's time to spread our wings and fly
Don't let another day go by my love
It'll be just like starting over, starting over
Why don't we take off alone
Take a trip somewhere far, far away
We'll be together all alone again
Like we used to in the early days
Well, well, well darling
It's been too long since we took the time
No-one's to blame, I know time flies so quickly
But when I see you darling
It's like we both are falling in love again
It'll be just like starting over, starting over
Our life together is so precious together
We have grown, we have grown
Although our love is still special
Let's take a chance and fly away somewhere
Starting over
Uma parada de dois meses numa coisa instantânea como um blog marca um recomeço... como se eu tivesse perdido todos meus leitores e estivesse começando um blog novo. É assim que estou encarando isso... seria lindo se eu tivesse uma desculpa complexa e estapafúrdia para essa parada, mas meus motivos foram um pouco mais prosaicos: depois de dois anos de brigas com a imobiliária e o proprietário do apartamento que moramos (eu, Luciane, Groucha e Jordan), ele finalmente topou fazer a reforma que queríamos... e foram dois meses de pinturas, livros e DVDs encaixotados, bagunça... junto com isso uma bela duma sobrecarga de trabalho. O apartamento está habitável, pintado, não está mais caindo aos pedaços, isso é bom. Também é bom saber que vou ter um período tranquilo à frente, começo 2007 tirando 15 dias de férias, ou seja, nas próximas quatro semanas poderei postar com bem mais regularidade que estava fazendo isso nos últimos tempos... não parei de ver filmes, bem pelo contrário, então assunto é o que não vai faltar. Se preparem para me aguentar!!!
Êta filminho difícil de avaliar... pois sou fã do diretor desde que vi seu primeiro filme (o fantástico Cronos), por ele estar sendo elogiado até pela crítica que normalmente não elogia filmes de horror... dá vontade de bancar o advogado do diabo e catar defeitos no mesmo... mas não vou fazer isso. Simples assim, o filme não merece. É cinema fantástico sem concessões, sem 'vergonha', feito da forma que tem que ser feito. É um conto de fadas sobre a solidão, sobre como a fantasia pode ajudar as pessoas a superar momentos difíceis na vida. Lembra 'Ana e os Lobos', de Saura, lembra demais 'O Espírito da Colméia', lembra as pinturas de Goya e Picasso. Lembra que o cinema fantástico não tem que ser alienado para ser bom. Altamente recomendado.
Para cada refilmagem de 'Quadrilha de Sádicos' (relevante e inteligente) temos várias como essa aqui... êta filminho chato... transforma um dos mais marcantes momentos do cinema fantástico dos anos 70 numa palhaçada new age. 'Grandes' idéias como transformar o 'herói' carolão num tira ateu, a seita pagã num culto feminista e o papel que era de Christopher Lee passar para Ellen Burstyn já dão uma idéia do que temos aqui. Trocar Britt Ekland por Lelee Sobieski, ou seja, uma gostosona por uma anoréxica, segue no mesmo padrão. Tipo da situação que eu fiquei no cinema até o final mais para ver o que mais iam aprontar com o filme que eu gosto tanto...
Que dia aqui em Porto Alegre. Começando por umas dez da manhã um bando de baderneiros saiu na rua, para gritar, tomar cachaça e soltar foguetes. As pobres da Groucha e da Jordan, minhas gatas da raça 'Santana Streetcat', ficaram boa parte do dia embaixo da cama, assustadas. Que tipo de gente sai de casa para perturbar os gatos dos outros?
Nos vemos. Como diz a música, é como se eu estivesse começando de novo...
15.10.06
Primeiro, o sensacional livro de James Ellroy poderá ser vendido para outros cineastas o filmarem, de preferência como uma minissérie, que poderá fazer justiça à sua complexidade. Se o método de avaliação for 'fazer justiça ao livro', provavelmente a nota a ser dada será a bola preta.
Se não seguiu o livro, o que de Palma fez, então? Uma refilmagem noir de 'Dublê de Corpo'. Confuso (como são todos os noir clássicos, leia-se Chandler e Hammet), cheio de buracos de roteiro, com uma resolução 'corrida' e apressada, mas com várias cenas antológicas, e dezenas de referências a obras queridas do diretor. No melhor plano do filme, quando a câmera 'pula' por cima de um prédio, temos uma linda citação a 'Tenebre', de Argento, diretor que também tem citados 'Prelúdio para Matar' e 'Terror na Ópera' (este através dos corvos, onipresentes) citados visualmente. Aliás, uma de minhas obras de cabeceira, 'O Homem que Ri', é usada na resolução...
Uma boa parte dos problemas é causada por escolhas infelizes de elenco. Hillary Schwank é ótima atriz, mas para fazer mulheres de sexualidade ambígua, não uma femme fatale, de quem se exige femininidade e graça. Ninguém vai me fazer entender por que Mia Kirschner não fez papel duplo, ela é uma das coisas que faz tudo funcionar (em especial no stag movie, em que ela é 'introduzida' pela outra atriz) ... o Aguilar (que não gostou do filme, respeito sua opinião apesar de não concordar com ela) sugere uma inversão dos papéis masculinos, que poderia funcionar... a produção da Nu Image não ajuda, afinal dá-se todas as pistas de uma montagem apressada, com várias cenas importantes cortadas (pesquisando, vejo de Palma falando de uma primeira versão de três horas, que eu imagino que faça mais sentido).
Mas quanto às qualidades... há muito tempo não via tantas grandes cenas no mesmo filme, duas delas com Scarlett Johansson (quando Josh Harnett vê a 'marca' do meliante nela e uma tórrida cena de sexo). Como fã de giallo, nada tenho contra obras construídas a partir de grandes cenas, interligadas de maneira confusa e/ou pouco intelegível. Tudo é ajudado pela ótima trilha sonora (quem é o trumpetista?). Em resumo, é fácil ficar do lado de obras-primas inquestionáveis, difícil mesmo é tentar entender obras tortas como essa. Escolhi meu lado, fiquei encantado com o filme, fico do lado dele.
(foto roubada do blog do Leandro Caraça - ele não deve se importar)
se dispondo a usar roupa somente se a cena assim o exigisse. Uma espécie de 'complexo de Roman Polanski', com o cunhado (ou o diretor contratado, no caso do terceiro filme citado, que era Giuliano Carmineo) exibindo a mulher do produtor sob todos os ângulos, como se ele quisesse dizer ao público: gostou? é minha!!!!
Caso ela fosse ao fórum de discussões Mobius ela ia ficar muito orgulhosa com os comentários sobre a sua pessoa. Faço meu um deles: não trocava ela, com 57 anos, por muita gatinha de 20.
3.10.06
'MEME'
UM FILME QUE EU VI MAIS DE UMA VEZ: Vários. Como diz meu amigo Edu Aguilar, o que vale a pena não é ver, é rever. Tem filmes que eu faço questão de ver uma vez de seis em seis meses, tipo ‘O Poderoso Chefão’ (a triologia), ‘Três Homens em Conflito’, ‘Era uma vez no Oeste’, ‘As Três Faces do Medo’... quando eu penso que o cinema não tem jeito, revê-los me dá uma nova fé nessa arte.
UM FILME QUE EU LEVARIA PARA UMA ILHA DESERTA: Tommy. Filme e música fascinantes. Não ia me cansar tão cedo. Mas será que eu teria DVD numa ilha deserta? Sei não...
UM FILME QUE ME FEZ RIR: Banzé no Oeste. Arsenic and Old Lace. Quase tudo dos Irmãos Marx e de Buster Keaton. Apertem os cintos, o piloto sumiu. Quanto mais quente melhor. Paro por aqui...
UM FILME QUE ME FEZ CHORAR: Spartacus. Vi no cinema com dez anos.
UM FILME QUE EU QUERIA QUE NÃO TIVESSE SIDO FEITO: Forrest Gump. A glorificação do idiota sendo premiada e tratada com grande arte. A prova que qualquer idiotice pode ser tratada como grande cinema.
UM FILME QUE EU TENHO PARA VER: Vários. Desde que foi possível baixar filmes pela internet eu tenho sempre uma respeitável pilha de CDs olhando pra mim, me dizendo ‘vem me ver, não se esqueça de mim...’. Tenho também os DVDs da ‘Legacy Collection’ da Universal, cada um com uns dez filmes, esperando o feriado certo pra mim fazer uma longa sessão. Já fiz com Dracula e Frankenstein, agora o Lobisomem, a Múmia e o Homem Invisível me esperam.
UM FILME QUE EU VI HÁ POUCO TEMPO: Judex, o francês de 1917. No cinema, o último que eu vi foi 'United 93', de Paul Greengrass. Ótimo.
UM FILME QUE EU QUERIA TER FEITO: É difícil, pois não sou cineasta, e sim escrevo sobre cinema... ‘Kwaidan’? 'O Poderoso Chefão'? 'O Estranho Mundo de Zé do Caixão'? 'Bangue Bangue'?
PS: Como diria Spock, longa vida e prosperidade para a revista digital Zingu, do Mateus Trunk, da 'turma' do Carrard e do Aguilar
28.9.06
A pedido da Liga dos Blogues montei uma lista de 20 grandes filmes dos anos 60. Apesar de divertidas de montar, essas lista sempre são injustas, FICA muita coisa de fora. A Liga pediu para fazer 20 filmes, sem 'acavalar' os mesmos em uma posição (como eu sempre faço), eu só coloquei um filme por diretor para haver alguma variedade. São escolhas PESSOAIS, quem discordar monte a sua própria lista.
1. A Via Láctea (Voié Lacteé, 1969), Luis Buñuel
Uma das obras que mudaram a maneira que eu vejo cinema. Vi em algum momento dos anos 80, na Bandeirantes, e pirei.
2. Três Homens em Conflito (1966), Sergio Leone
Sergio Leone teve uma década maravilhosa ... escolha difícil, fiquei com o meu favorito.
3. Meu ódio será tua herança (The Wild Bunch, 1969)
Sam PeckinpahSe os filmes de Leone deixaram o western clássico envelhecido e fora de lugar, esse aqui colocou a pá de cal. Amoral, violento, brutal. Sensacional.
4. Os Olhos sem Face (Las Yeaux san Visage, 1960) - Georges Fraju
Quantos filmes podem se orgulhar de terem criado um gênero? Essa obra-prima de Fraju criou o horror europeu. Lírico, brutal e sarcástico ao mesmo tempo.
5. Psicose (Psycho, 1960) - Hitchcock
'Só' o melhor filme de horror da história.
6. As três faces do medo (Black Sabbath / Il Tre volti della Paura, 1963) – Mario Bava
A AIP encomendou um filminho 'B' de horror, Bava entregou uma ousada mistura de literatura russa, composições que lembram quadros em movimento e momentos de gelar o sangue.
7. Desafio do Além (The Haunting, 1963) – Robert Wise
Horror como ele não é mais: classudo, inteligente, sutil. Quase sem efeitos especiais, confiando nos climas. Impressionante. Feito entre duas obras de Wise que não tem nada a ver com isso, 'West Side Story' e 'A Noviça Rebelde'.
8. Kwaidan (1964) – Massaki Kobaiashi
Duas horas e quarenta minutos (na versão que eu vi, dizem que saiu um DVD inglês com mais de três horas) de poesia visual.
9. 2001 (1968) - Kubrick
Muita gente não levava ficção científica a sério... até Kubrick se meter e fazer essa obra-prima.
10. Histórias Extraordinárias (Spirits of the Dead / Histoires Extraordinaires, 1968) – Roger Vadin, Louis Malle e Fellini
Muita coisa pode dar errado quando três diretores não ligados ao gênero vão dirigir obras de horror. Não aqui.
11. O Desprezo(Le Mépris, 1963) – Jean-Luc Godard
Mais um cineasta no auge, em uma década com várias obras-primas. Escolhi o meu favorito. NO meio de tantos filmes bacanas, digamos que (como diz um amigo) as 'bardotscapes' desempataram o jogo;-)))
12. O Beijo Amargo (Naked Kiss, 1964) – Samuel Fuller
Cinema de macho. Um perverso retrato da América dos anos 60
13. Gritos na Noite (Gritos en la Noche / The Awful Dr. Orloff, 1962) – Jesus Franco
Após dirigir filmes de flamenco, Jess Franco apresentou-se ao mundo com uma obra símbolo do horror europeu. Se 'Os olhos sem face' mostra o que acontece quando um artista dirige um filme de horror, aqui vemos o que ocorre quando um pervertido assume o comando.
14. Intruder (1962) – Roger Corman
Numa década em que parecia fazer uma obra prima atrás da outra, Corman se superou ao fazer uma das obras mais provocantes de seu tempo. Foi um dos únicos casos em que ele perdeu dinheiro nessa época, mas é seu filme favorito. Quem sou eu para discordar?
15. Deus e o Diabo na terra do sol (1964) – Glauber Rocha
Eu tinha que escolher um filme brasileiro para representar essa época. Que tal esse?
16. O Estupro da Vampira (La Viol du vampire, 1967) - Jean Rollin
Um dos cineastas mais originais ligados ao horror. O que é isso, um pesadelo, uma alucinação? Não é prá menos que o público fez um tumulto no cinema que o exibia, em Paris, e quase bateu no cineasta e no pobre do projecionista...
17. O Estranho Mundo de Zé do Caixão (1968) - José Mojica Marins
Mojica ainda conseguia filmar nessa época... é difícil escolher um deles, pois todos são bons. Que tal o primeiro que eu vi?
18. O Dia da Desforra (La Resa dei Conti / The Big Gundown, 1966) – Sergio Sollima
Western marxista, sobre um 'campesino' perseguido pelos donos do poder, que apesar de engajado não deixa de ser engraçado e cheio de ação. Que todos os filmes políticos fossem assim.
19. A Noite dos Mortos Vivos (1968) – George Romero
Morre o cinema clássico de horror, nasce o contemporâneo.
20. O Incrível Exército de Brancaleone (1966) – Mario Monicelli
Uma das obras mais engraçadas da história. Branca Branca Branca, Leone Leone Leone...
Sei, muita coisa ficou de fora. Amanhã, sexta, publico uma listinha de mais 30 filmes dessa época, com os mesmos critérios (sem repetir diretor). Inté.
17.9.06
Festa na casa de George Cukor em homenagem a Luis Buñuel, novembro de 1972... em cima, da esquerda para a direita: Robert Mulligan, William Wyler, George Cukor, Robert Wise, Jean-Claude Carriere (roteirista de vários filmes de Buñuel) e Serge Silverman (ou Silberman, dependendo de onde você leia... produtor dos últimos filmes de Buñuel, de 'Miss Muerte' de Franco e de 'Ran', de Kurosawa, entre vinte e tantos outros). Na fileira de baixo, da esquerda para a direita: Billy Wilder, George Stevens, Luis Buñuel, um gordinho que não entendia nada de cinema e Rouben Mamoulian. Eles devem ter ficado a tarde inteira falando de política e futebol, né?
12.9.06
Michael Mann é um diretor que eu 'tive que engolir', como diria um ex-técnico da seleção brasileira. Eu via Miami Vice em sua época (na TV uruguaia, por sinal, com direito a dublagem en español), achava a série legal, mas um tanto quanto superficial e clipada. Não em empolguei nem um pouco quando seu executivo virou diretor de cinema... fui obrigado a reconhecer o talento, no início um pouco a contragosto, achando que podia ser acidente, algum assistente competente... no caso de Miami Vice, o filme, ele confirma várias qualidades que já podiam ser vistas nos filmes anteriores... a facilidade de criar climas estupendos, a sensível direção de atores (culminando numa caliente cena de sexo entre o criticado Colin Farrel e a lindona Gong Li... ela 'chorando no ato' foi uma das cenas mais sensuais qeu vi no cinema esse ano) e excepcionais cenas de ação. Aqui me surpreendi com como o filme tem relativamente poucas cenas de ação, se concentrando na preparação para as mesmas.
Li muitas críticas à atuação de Colin Farrel... curiosamente foi uma das coisas do filme que eu mais curti. Frio, discreto, ele é um personagem mais interessante da obra, contrastando muito bem com o mais elétrico Jamie Foxx. Aliás, uma das críticas daqui de Porto Alegre concentrou-se no visual de cantor de bolero utilizado pelo ator irlandês na película (com aqueles mullets típicos dos Allman Brothers)... se ele tivesse que parecer com modelo realmente aquele look estaria equivocado, mas ao que eu me lembre ele deveria se infiltrar entre os traficantes, logo ele estar um perfeito chinelão é até recomendável. Outra crítica portoalegrense reclama que 'os personagens parecem super heróis, dirigem aviões, atiram como cowboys...' também, que eu me lembre eles são agentes do FBI, logo o exame para ingresso nessa tropa de elite é um pouco mais difícil que fazer o quatro e contar até dez... se os agentes em questão devem se infiltrar entre os traficantes, não me parece absurdo eles tirarem um brevê...
Também chama atenção o trabalho virtuosístico de fotografia, a cargo de Dion Bebee... o trabalho com a câmera digital Thompsom Viper (já utilizada por Beebe em 'Colateral') é simplesmente excepcional, e acaba contribuindo para o look realista e naturalista pretendido. Curti muito ver Ciudad del Este, no Paraguai, com todo seu visual sujo, em um filme 'de primeiro mundo'.
É difícil criticar um filme de M. Night Shyamalan (Chalaião, como vou me referir a ele no resto do artigo, para os íntimos). Depois de três filmes impecáveis (O Sexto Sentido, Corpo Fechado e Sinais) aparentemente ele começou a acreditar nas resenhas que a imprensa chapa branca fazia dele, que ele seria o novo Hitchcock, e deu uma derrapada sem tamanho em 'A Vila', duas horas e meia de discussões sobre o sexo dos anjos. Por mais que as coisas melhores um pouco em 'A Dama na Água', o negócio continua longe de ficar legal. O maior dos problemas parece ser falta de modéstia... afinal, o cineasta viver um escritor que irá escrever um livro que mudará a história do mundo não é exatamente uma demonstração de simancol. O filme conter alguns dos piores diálogos escritos nos últimos anos também não.
Desperdiça-se os atores (em especial os protagonistas, Paul Giamatti e Bryce Dallas Howard, mais o comediante Bob Balaban) em uma espécie de teatro mambembe excepcionalmente bem fotografado (por Christopher Doyle, que trabalha com Wor Kar Wai, e Zhang Ymou, em seu segundo filme ocidental desde 'Psicose', o de Gus van Sandt) que simplesmente parece estar mais preocupado em agradar ao umbigo do diretor que em contar uma história interessante e coerente para o público. ‘É para ser uma fábula’, diz o diretor em entrevistas... uai, então faz direito, acha o clima correto prá fazer isso. Do jeito que ficou, tudo está no meio do caminho: é sério e solene demais para ser um filme infantil e bobo demais para ser levado a sério por adultos (que iam adorar, por exemplo, que o corpo de Bryce Dallas Howard fosse mostrado de forma mais detalhada). Diálogos como ‘oi, eu sou uma narf’ só fazem sentido para crianças muito pequenas... aliás, essas crianças pequenas provavelmente não vão entender a vendetta pessoal do Chalaião contra os críticos de cinema, personificado aqui por Bob Balaban. Senti saudade do modo que Joe Dante lidou com o assunto, em ‘Gremlins
Chalaião tem solução? Provavelmente tenha... Joel Schmacher fez ‘Phone Boot’ e ‘Tigerland’ depois da catástrofe que foi ‘Batman & Robin’, Brian de Palma fez ‘Femme Fatale’ depois de ‘Os Trapaceiros da Loto’, John Carpenter fez ‘Vampiros’ e ‘Fantasmas de Marte’ depois de ‘Fuga de Los Angeles’ e ‘A Vila dos Amaldiçoados’... o problema maior será ele ter a modéstia necessária para ver o que anda errado com seus filmes e consertar isso. Ele não pode ter desaprendido a dirigir atores e a escrever roteiros de uma hora prá outra...
Uma das melhores coisas de poder baixar filmes pela internet é achar obras que nunca chegariam às minhas mãos pelos ‘caminhos normais’ de distribuição... filmes orientais que não chegam aqui nem à tapa, seriados de TV que não chegam por aqui... e, em meu caso específico, as minisséries da BBC que não tem lá muita perspectiva de darem as caras por nosso país em um futuro breve. Nesse caso se encaixa a excepcional ‘O Dia dos Triffids’. Já nos créditos vemos que as coisas vão ser diferentes... ‘O dia dos Triffids, de John Wyndhan’... deixa claro que pelo menos vai se tentar seguir o livro, o que não se tentou na paupérrima adaptação cinamatográfica dos anos 60. E realmente, até para a surpresa dos fãs de livros de ficção científica que nunca são adaptados direito para o cinema (ou, neste caso, para a TV), segue-se a estrutura do livro, muitas vezes segue-se até os diálogos do livro. Ótimo. Vê-se, finalmente, o apocalíptico livro de Wyndhan ser adaptado para a telinha.
Tudo no ‘padrão BBC’, espartano (
APOCALIPSE
Um dos lançamentos mais surpreendentes do ano é ‘O Apocalipse da Liga dos cavaleiros’... digo surpreendente pois foi lançado no Brasil sem que a série original, ‘A Liga dos Cavaleiros’, tenha saído por aqui... a série, da BBC, que durou duas temporadas e depois deu origem a shows de teatro, era uma grande gozação com os filmes britânicos de horror, girando em torno de um culto pagão que seqüestrava estranhos para sacrificá-los e garantir vida eterna aos ‘locais’... sem saber isso, o filme fica quase incompreensível. Toda hora eu tinha que explicar para a Luciane com o que eles estavam brincando, com o que eles estavam tirando barato... numa comparação forçada, é como se fizessem um filme inspirado nos personagens do Casseta e Planeta, e ficassem o tempo inteiro fazendo menções a eventos ocorridos na série... eu, que conhecia a série, adorei, mas não duvido que quem não conhece os personagens ache tudo muito sem graça e estranho...