19.12.05

CÍRCULO VICIOSO

Citando o Jack Torrance do filme de Stanley Kubrick (já que tal episódio não existe no livro de Stephen King), muito trabalho e pouca diversão fazer de Jack (ou Thomaz, nesse caso) um bobão... ainda mais quando o gênio inventa no final de semana que vai ver mais um episódio da série 'Mestres do Horror' para fazer uma resenha mais completa. O episódio chega inteiro na segunda de manhã, o gênio consegue vê-lo lá por quarta ou quinta... e inventa que vai esperar passar o próximo, para baixar e fazer uma resenha mais completa. Resultado: acha que vai escrever mais e acaba não escrevendo nada pro um tempão.

Sem mais, vou resenhas um bom número de episódios da série agora, e tentar manter o hábito de resenhar os seguintes à medida que os for vendo(já reparei que não acaba bem tentar esperar para ver mais). Durante a semana compartilho minhas opiniões sobre 'King Kong' e 'Bens Confiscados'... e também por estes dias sai minha lista de melhores filmes do ano.

EP 03 - DANCE OD THE DEAD - Dir: TOBE HOPPER

Um macabro conto de fadas, inspirado no conto de Richard Matheson (adaptado pelo filho do homem, que por sinal ainda vive, até a última notícia que eu tenho, firme e forte a caminho dos 80 anos que deve completar em fevereiro, se continuar por este plano da existência). Num futuro pós-apocalítico, uma jovem ingênua descobre que sua mãe teve atitudes, digamos, pouco éticas com a sua irmã.

Não é exatamente uma obra-prima, mas é bem legal. Melhor que tudo que Tobe Hopper fez desde... será 'Massacre da Serra Elétrica 2', do distante 1986? Quem sabe... o episódio cita os filmes britânicos e americanos de 'rebeldia juvenil', e parece ser um primo distante do 'drama- de- gangues- que- vira- ficção- científica- na- última- cena', 'Os Malditos', de Joseph Losey. Bela aparição de Robert 'Freddy Kruger' Englung, que lembra o mestre de cerimônias do clássico 'Cafe Flesh'. Boas referências, belo clima ('quebrado' no final), boas atuações. Mais do que se vê em muitos filmes de horror que foram lançados nos últimos anos.

EP 04 - JENNIFER - Dir: DARIO ARGENTO

Eu estava morrendo de medo de me decepcionar com esse episódio. Quando os amigos gringos começaram a espalhar que era a melhor coisa que Argento fez desde 'Síndrome de Stendhal', eu comecei a achar que minhas expectativas estariam elevadas demais e que iria me decepcionar. Surpreendentemente isso não ocorreu. O episódio é espetacular.

Adaptando uma HQ escrita por Bruce Jones e ilustrada por Bernie Wrightson, ele conta as tragédias em que se mete um policial ao 'adotar' uma mulher deformada que ele salvou da morte. Digamos que ela revela ter certos hábitos anti-sociais, primeiro com gatos, depois com pessoas que se aproximem da casa ou que convivam com ela...

Vixe, cheguei até a me emocionar quando vi o anúncio "você esteve assistindo 'Jennifer'" nos créditos finais, sob a trilha (sensacional) do paulista-carcamano Claudio Simonetti (algo que aconteceu também com don Ramiro Ronchetti), como ocorre nos melhores filmes do mestre. Surpreendente também o uso franco de sexo, raro em Argento. O Cristian Verardi chegou a comentar que há mais cenas de sexo nesse episódio de uma hora que em toda sua carreira anterior. Provavelmente sim, muito bem filmado. Aliás, a direção do elenco está ótima, nivelada por cima, algo raro na obra do pai de Asia. Segunda obra-prima da série, segundo episódio que, se tivesse sido lançado nos cinemas, estaria em minha lista dos dez filmes do ano.

EP 05 - CHOCOLATE - Dir: MICK GARRIS

Como bem nota Tim Lucas, Mick Garris só foi convidado para a série pelo singelo motivo de ser o dono do clube, assim como o Boomtown Rats só é convidado para o Live Aid por ser a banda do organizador, não por ter lá seus méritos. Mesmo em seus melhores momentos(as minisséries adaptando Stephen King e 'Psicose 4', com roteiro de Joseph Stephano), Garris nunca seria considerado um mestre do horror (seus filmes, mesmo os bons, não tem nenhuma imaginação visual) , logo lhe cabia o desafio de concorrer com gente muito melhor que ele. O esquisito de tudo é que se saiu bem.

Adaptando um conto próprio, conta a história de um rapaz 'normal' (Henry Thomas, de ET, que trabalhou com ele no já citado 'Psicose 4') que desenvolve um link psíquico com uma artista de uma cidade vizinha, situação que vai ficando cada vez mais complicada até o inevitável (e sangrento) acerto de contas.

Trata-se do primeiro episódio da série que lembra 'horror de TV clássico'... e também é o primeiro que se origina de um projeto de longa-metragem reduzido a episódio de série de TV. Mesmo tendo esses 'pequenos' problemas, o episódio acaba valendo por ser tremendamente bem escrito e representado, em especial pelo ator principal, que não deixa um personagem complicado se tornar uma caricatura. Não é tão fácil de ver quanto os outros, desce menos redondo... mas oferece belas recompensas a quem se submeter a ele. Pelo menos uma cena memorável: quando HT está em link psíquico com a mulher... e ela está transando com o namorado... essa cena vale o episódio.

EP 06 - HOMECOMING - Dir: JOE DANTE

Em poucas palavras, é a terceira obra-prima da série...Inspirado pelo conto 'Death & Suffrage', de Dale Bailey, narra a história dos soldados mortos na Guerra do Golfo, que saem do túmulo primeiro para votar contra o presidente que os mandou para lá... e depois, quando os políticos conseguem anular seus votos, para brigar com a polícia e promover uma legítima renovação dos deputados;-)))

Um dos motivos duma história tão pouco convencional dar certo é o excepcional trabalho de direção de Joe Dante, que sempre deixa o filme no tom certo, sarcástico e agressivo sem ser caricatural. É um tijolaço político, um corajoso libelo (pelo momento em que foi feito) contra as guerras.

EP 07 - DEER WOMAN dir: JOHN LANDIS

Homens estão sendo mutilados após conhecerem uma linda mulher... as investigações levam a crer que se trata da lenda indígena do título, que seduz homens para esquatejá-los...

Primeiro episódio ruim da série. Se 'Chocolate' lembrava horror de TV 'convencional', este aqui lembra os piores momentos de 'Amazing Stories' e 'Tales from the Crypt'. Junta tudo: roteiro péssimo (de Landis e seu filho, Max), atuações equivocadas(começando pelo protagonista, o comediante Brian Benben), uma criatura absolutamente ridícula (ver foto acima... quem vai ter medo daquilo?), clímax ruim... não sei se 'confirma' a lenda de que Landis está em decadência, mas não vai refutá-la. Para não dizer que tudo é ruim, a menina que representa o papel título (quando em sua forma, digamos, humana), Cinthia Moura, é uma graça, uma legítima indiazinha brasileira. Que receba chancer em filmes melhores, no futuro.


This page is powered by Blogger. Isn't yours?