28.9.06

20 MAIS DOS ANOS 60

A pedido da Liga dos Blogues montei uma lista de 20 grandes filmes dos anos 60. Apesar de divertidas de montar, essas lista sempre são injustas, FICA muita coisa de fora. A Liga pediu para fazer 20 filmes, sem 'acavalar' os mesmos em uma posição (como eu sempre faço), eu só coloquei um filme por diretor para haver alguma variedade. São escolhas PESSOAIS, quem discordar monte a sua própria lista.

1. A Via Láctea (Voié Lacteé, 1969), Luis Buñuel
Uma das obras que mudaram a maneira que eu vejo cinema. Vi em algum momento dos anos 80, na Bandeirantes, e pirei.

2. Três Homens em Conflito (1966), Sergio Leone
Sergio Leone teve uma década maravilhosa ... escolha difícil, fiquei com o meu favorito.

3. Meu ódio será tua herança (The Wild Bunch, 1969)
Sam PeckinpahSe os filmes de Leone deixaram o western clássico envelhecido e fora de lugar, esse aqui colocou a pá de cal. Amoral, violento, brutal. Sensacional.

4. Os Olhos sem Face (Las Yeaux san Visage, 1960) - Georges Fraju
Quantos filmes podem se orgulhar de terem criado um gênero? Essa obra-prima de Fraju criou o horror europeu. Lírico, brutal e sarcástico ao mesmo tempo.

5. Psicose (Psycho, 1960) - Hitchcock

'Só' o melhor filme de horror da história.

6. As três faces do medo (Black Sabbath / Il Tre volti della Paura, 1963) – Mario Bava
A AIP encomendou um filminho 'B' de horror, Bava entregou uma ousada mistura de literatura russa, composições que lembram quadros em movimento e momentos de gelar o sangue.

7. Desafio do Além (The Haunting, 1963) – Robert Wise
Horror como ele não é mais: classudo, inteligente, sutil. Quase sem efeitos especiais, confiando nos climas. Impressionante. Feito entre duas obras de Wise que não tem nada a ver com isso, 'West Side Story' e 'A Noviça Rebelde'.

8. Kwaidan (1964) – Massaki Kobaiashi
Duas horas e quarenta minutos (na versão que eu vi, dizem que saiu um DVD inglês com mais de três horas) de poesia visual.

9. 2001 (1968) - Kubrick
Muita gente não levava ficção científica a sério... até Kubrick se meter e fazer essa obra-prima.

10. Histórias Extraordinárias (Spirits of the Dead / Histoires Extraordinaires, 1968) – Roger Vadin, Louis Malle e Fellini

Muita coisa pode dar errado quando três diretores não ligados ao gênero vão dirigir obras de horror. Não aqui.

11. O Desprezo(Le Mépris, 1963) – Jean-Luc Godard
Mais um cineasta no auge, em uma década com várias obras-primas. Escolhi o meu favorito. NO meio de tantos filmes bacanas, digamos que (como diz um amigo) as 'bardotscapes' desempataram o jogo;-)))

12. O Beijo Amargo (Naked Kiss, 1964) – Samuel Fuller
Cinema de macho. Um perverso retrato da América dos anos 60

13. Gritos na Noite (Gritos en la Noche / The Awful Dr. Orloff, 1962) – Jesus Franco
Após dirigir filmes de flamenco, Jess Franco apresentou-se ao mundo com uma obra símbolo do horror europeu. Se 'Os olhos sem face' mostra o que acontece quando um artista dirige um filme de horror, aqui vemos o que ocorre quando um pervertido assume o comando.

14. Intruder (1962) – Roger Corman
Numa década em que parecia fazer uma obra prima atrás da outra, Corman se superou ao fazer uma das obras mais provocantes de seu tempo. Foi um dos únicos casos em que ele perdeu dinheiro nessa época, mas é seu filme favorito. Quem sou eu para discordar?

15. Deus e o Diabo na terra do sol (1964) – Glauber Rocha
Eu tinha que escolher um filme brasileiro para representar essa época. Que tal esse?

16. O Estupro da Vampira (La Viol du vampire, 1967) - Jean Rollin
Um dos cineastas mais originais ligados ao horror. O que é isso, um pesadelo, uma alucinação? Não é prá menos que o público fez um tumulto no cinema que o exibia, em Paris, e quase bateu no cineasta e no pobre do projecionista...

17. O Estranho Mundo de Zé do Caixão (1968) - José Mojica Marins
Mojica ainda conseguia filmar nessa época... é difícil escolher um deles, pois todos são bons. Que tal o primeiro que eu vi?

18. O Dia da Desforra (La Resa dei Conti / The Big Gundown, 1966) – Sergio Sollima

Western marxista, sobre um 'campesino' perseguido pelos donos do poder, que apesar de engajado não deixa de ser engraçado e cheio de ação. Que todos os filmes políticos fossem assim.

19. A Noite dos Mortos Vivos (1968) – George Romero
Morre o cinema clássico de horror, nasce o contemporâneo.

20. O Incrível Exército de Brancaleone (1966) – Mario Monicelli
Uma das obras mais engraçadas da história. Branca Branca Branca, Leone Leone Leone...

Sei, muita coisa ficou de fora. Amanhã, sexta, publico uma listinha de mais 30 filmes dessa época, com os mesmos critérios (sem repetir diretor). Inté.

17.9.06

REUNIÃO

Festa na casa de George Cukor em homenagem a Luis Buñuel, novembro de 1972... em cima, da esquerda para a direita: Robert Mulligan, William Wyler, George Cukor, Robert Wise, Jean-Claude Carriere (roteirista de vários filmes de Buñuel) e Serge Silverman (ou Silberman, dependendo de onde você leia... produtor dos últimos filmes de Buñuel, de 'Miss Muerte' de Franco e de 'Ran', de Kurosawa, entre vinte e tantos outros). Na fileira de baixo, da esquerda para a direita: Billy Wilder, George Stevens, Luis Buñuel, um gordinho que não entendia nada de cinema e Rouben Mamoulian. Eles devem ter ficado a tarde inteira falando de política e futebol, né?


Quantas boas horas da minha vida foram passadas graças a esses senhores aí, principalmente (sem excluir os outros, muito pelo contrário) o primeiro, o terceiro e o quarto da bancada de baixo... deixo essas fotos por aqui enquanto tenho a complicada tarefa de montar uma lista dos melhores filmes dos anos 60. See ya!!


Na foto acima, Hitch conversa com Buñuel, observados por Rafael, filho do espanhol. Dá vontade de ouvir o que eles tinham prá dizer um pro outro...

12.9.06

VÍCIO


Michael Mann é um diretor que eu 'tive que engolir', como diria um ex-técnico da seleção brasileira. Eu via Miami Vice em sua época (na TV uruguaia, por sinal, com direito a dublagem en español), achava a série legal, mas um tanto quanto superficial e clipada. Não em empolguei nem um pouco quando seu executivo virou diretor de cinema... fui obrigado a reconhecer o talento, no início um pouco a contragosto, achando que podia ser acidente, algum assistente competente... no caso de Miami Vice, o filme, ele confirma várias qualidades que já podiam ser vistas nos filmes anteriores... a facilidade de criar climas estupendos, a sensível direção de atores (culminando numa caliente cena de sexo entre o criticado Colin Farrel e a lindona Gong Li... ela 'chorando no ato' foi uma das cenas mais sensuais qeu vi no cinema esse ano) e excepcionais cenas de ação. Aqui me surpreendi com como o filme tem relativamente poucas cenas de ação, se concentrando na preparação para as mesmas.

Li muitas críticas à atuação de Colin Farrel... curiosamente foi uma das coisas do filme que eu mais curti. Frio, discreto, ele é um personagem mais interessante da obra, contrastando muito bem com o mais elétrico Jamie Foxx. Aliás, uma das críticas daqui de Porto Alegre concentrou-se no visual de cantor de bolero utilizado pelo ator irlandês na película (com aqueles mullets típicos dos Allman Brothers)... se ele tivesse que parecer com modelo realmente aquele look estaria equivocado, mas ao que eu me lembre ele deveria se infiltrar entre os traficantes, logo ele estar um perfeito chinelão é até recomendável. Outra crítica portoalegrense reclama que 'os personagens parecem super heróis, dirigem aviões, atiram como cowboys...' também, que eu me lembre eles são agentes do FBI, logo o exame para ingresso nessa tropa de elite é um pouco mais difícil que fazer o quatro e contar até dez... se os agentes em questão devem se infiltrar entre os traficantes, não me parece absurdo eles tirarem um brevê...

Também chama atenção o trabalho virtuosístico de fotografia, a cargo de Dion Bebee... o trabalho com a câmera digital Thompsom Viper (já utilizada por Beebe em 'Colateral') é simplesmente excepcional, e acaba contribuindo para o look realista e naturalista pretendido. Curti muito ver Ciudad del Este, no Paraguai, com todo seu visual sujo, em um filme 'de primeiro mundo'.

A DAMA

É difícil criticar um filme de M. Night Shyamalan (Chalaião, como vou me referir a ele no resto do artigo, para os íntimos). Depois de três filmes impecáveis (O Sexto Sentido, Corpo Fechado e Sinais) aparentemente ele começou a acreditar nas resenhas que a imprensa chapa branca fazia dele, que ele seria o novo Hitchcock, e deu uma derrapada sem tamanho em 'A Vila', duas horas e meia de discussões sobre o sexo dos anjos. Por mais que as coisas melhores um pouco em 'A Dama na Água', o negócio continua longe de ficar legal. O maior dos problemas parece ser falta de modéstia... afinal, o cineasta viver um escritor que irá escrever um livro que mudará a história do mundo não é exatamente uma demonstração de simancol. O filme conter alguns dos piores diálogos escritos nos últimos anos também não.

Desperdiça-se os atores (em especial os protagonistas, Paul Giamatti e Bryce Dallas Howard, mais o comediante Bob Balaban) em uma espécie de teatro mambembe excepcionalmente bem fotografado (por Christopher Doyle, que trabalha com Wor Kar Wai, e Zhang Ymou, em seu segundo filme ocidental desde 'Psicose', o de Gus van Sandt) que simplesmente parece estar mais preocupado em agradar ao umbigo do diretor que em contar uma história interessante e coerente para o público. ‘É para ser uma fábula’, diz o diretor em entrevistas... uai, então faz direito, acha o clima correto prá fazer isso. Do jeito que ficou, tudo está no meio do caminho: é sério e solene demais para ser um filme infantil e bobo demais para ser levado a sério por adultos (que iam adorar, por exemplo, que o corpo de Bryce Dallas Howard fosse mostrado de forma mais detalhada). Diálogos como ‘oi, eu sou uma narf’ só fazem sentido para crianças muito pequenas... aliás, essas crianças pequenas provavelmente não vão entender a vendetta pessoal do Chalaião contra os críticos de cinema, personificado aqui por Bob Balaban. Senti saudade do modo que Joe Dante lidou com o assunto, em ‘Gremlins 2’, que pelo menos era divertido e não podia ser classificado como gratuito.

Chalaião tem solução? Provavelmente tenha... Joel Schmacher fez ‘Phone Boot’ e ‘Tigerland’ depois da catástrofe que foi ‘Batman & Robin’, Brian de Palma fez ‘Femme Fatale’ depois de ‘Os Trapaceiros da Loto’, John Carpenter fez ‘Vampiros’ e ‘Fantasmas de Marte’ depois de ‘Fuga de Los Angeles’ e ‘A Vila dos Amaldiçoados’... o problema maior será ele ter a modéstia necessária para ver o que anda errado com seus filmes e consertar isso. Ele não pode ter desaprendido a dirigir atores e a escrever roteiros de uma hora prá outra...


HORRORES DA BBC

Uma das melhores coisas de poder baixar filmes pela internet é achar obras que nunca chegariam às minhas mãos pelos ‘caminhos normais’ de distribuição... filmes orientais que não chegam aqui nem à tapa, seriados de TV que não chegam por aqui... e, em meu caso específico, as minisséries da BBC que não tem lá muita perspectiva de darem as caras por nosso país em um futuro breve. Nesse caso se encaixa a excepcional ‘O Dia dos Triffids’. Já nos créditos vemos que as coisas vão ser diferentes... ‘O dia dos Triffids, de John Wyndhan’... deixa claro que pelo menos vai se tentar seguir o livro, o que não se tentou na paupérrima adaptação cinamatográfica dos anos 60. E realmente, até para a surpresa dos fãs de livros de ficção científica que nunca são adaptados direito para o cinema (ou, neste caso, para a TV), segue-se a estrutura do livro, muitas vezes segue-se até os diálogos do livro. Ótimo. Vê-se, finalmente, o apocalíptico livro de Wyndhan ser adaptado para a telinha.

Tudo no ‘padrão BBC’, espartano (16 mm em cenas externas e videotape em cenas de estúdio), com efeitos modestos, até meio furrecas nesses tempos de efeitos perfeitos em CGI, mas com ótimo padrão de atuações, e com o clima pesado e apocalíptico que os leitores da obra de Wyndhan sempre quiseram. As quase três horas de projeção ajudam também a dar profundidade aos fatos, algo impensável para qualquer adaptação cinematográfica desta obra... ótimo

APOCALIPSE

Um dos lançamentos mais surpreendentes do ano é ‘O Apocalipse da Liga dos cavaleiros’... digo surpreendente pois foi lançado no Brasil sem que a série original, ‘A Liga dos Cavaleiros’, tenha saído por aqui... a série, da BBC, que durou duas temporadas e depois deu origem a shows de teatro, era uma grande gozação com os filmes britânicos de horror, girando em torno de um culto pagão que seqüestrava estranhos para sacrificá-los e garantir vida eterna aos ‘locais’... sem saber isso, o filme fica quase incompreensível. Toda hora eu tinha que explicar para a Luciane com o que eles estavam brincando, com o que eles estavam tirando barato... numa comparação forçada, é como se fizessem um filme inspirado nos personagens do Casseta e Planeta, e ficassem o tempo inteiro fazendo menções a eventos ocorridos na série... eu, que conhecia a série, adorei, mas não duvido que quem não conhece os personagens ache tudo muito sem graça e estranho...


4.9.06


STEFANO RIP

Não poderia deixar de registrar que semana passada (dia 25 embarcou para o outro lado Joseph Stephano, responsável por dois trabalhos que acho sensacionais: foi o principal roteirista da série 'The Outer Limits' e 'apenas' escreveu o roteiro do melhor filme de horror da história', 'Psicose'. Na série, uma das duas melhores de ficção científica e horror da história (a outra sendo 'Além de Imaginação'), ele atuou como produtor e roteirista (justamente dos melhores episódios, entre eles 'The forms of the things unknown', considerado o melhor de todos e um clássico do horror televisivo), tendo sido responsável (junto com o diretor, Leslie Stevens, e o fotógrafo, Conrad Hall, ambos envolvidos com clássico maldito 'Incubus') por episódios que fizeram a cabeça de três gerações de fãs. E... o que eu posso falar de 'Psicose'? O trabalho de Stefano ajudou a transformar um livro de 'pulp fiction' numa daquelas unanimidades que chegam a parecer burras, mas acaba revertendo em reconhecimento (entre dezenas de outras coisas) pelo seu trabalho exemplar de adaptação. Pode não ter feito tanta coisa assim, mas, vamos e venhamos, fez o suficiente para ser imortalizado. Descanse em paz!!!

1.9.06

CINEMA COMO PESADELO


Anunciado um projeto que provavelmente será uma das maiores bombas dos próximos anos. É a terceira filmagem de 'I am Legend' (lançado aqui duas vezes, uma como 'Eu sou a Lenda', outra como 'A Última Esperança da Terra'), de Richard Matheson, em minha modesta opinião um dos dois melhores livros de vampiro do século passado (o outro sendo 'Entrevista com o Vampiro', de Anne Rice). Como ator principal, para o lugar que já foi de Vicent Price (em 'Mortos que Matam') e Charlton Heston... Will Smith. Para diretor... Francis Lawrence, de Constantine. Para roteirista (o que realmente me incomodou)... Akiva Goldsman, que escreveu o clássico 'Batman & Robin', que topa tudo por dinheiro. Já escapamos de uma boa nos anos 80, quando esse projeto foi anunciado com Arnold Schwarzenegger como ator principal e Ridley Scott como diretor, e depois cancelado por ser 'muito caro' (deve ser caríssimo mesmo filmar em uma cidade em ruínas). Agora, infelizmente, parece que o negócio vai prá frente.



Conhecendo as figuras como eu conheço, até parece que eu já sei como eles vão usar o mote central (que no livro e nos filmes é usado de forma dramática, em seu final).

Vampiro: Quem é você?
Will: Sou a Lenda, muthafucka (BANG! BANG! BANG!)

Quando estava lendo sobre esse projeto, me lembrei de quando anunciaram que o clássico 'The Haunting' seria refilmado por Jan Debont. Mandei um mail para um amigo, curto e grosso: estamos f...

RAROS MEXICANO

Dando continuidade ao projeto Raros, vamos exibir hoje o clássico mexicano 'O Espelho da Bruxa', um dos filmes que solidificou a reputação do cinema mexicano como um dos mais selvagens de sua época. Direção de Chano Urreta, com Rosa Arenas, Armando Calvo e Isabela Corona. Bruxaria, satanismo, cientistas loucos, mãos que saem andando sozinhas... podem acusá-lo de ser doido, tosco, ter roteiro estrambólico, não de ser previsível ou medíocre. No Gasômetro, sala PF Gastal, às OITO horas. Com direito a palestra com um enganador no fim.


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