16.7.06

FRANCO! FRANCO!


FINALMENTE 'Succubus', O filme que justifica a existência de Jesus Franco, vai estar disponível de novo. Foi lançado originalmente no mercado ocidental (em Região 1, NTSC, a preços 'normais') em um DVD sem extras, na primeira metade dos anos 90, que estava sumindo até mesmo das lojas que trabalham com DVDs usados. Tenho cópia em VHS desse DVD, com sintomáticos oito anos de idade. Agora, a Blue Underground, a 'Criterion do sexploitation', vai relançar o filme, com entrevistas com Franco e Jack Taylor (ator americano exilado na Espanha, que sempre aparece em filme rodados por lá, como 'Conan o Bárbaro' e 'O Último Portal', além de ter trabalhado com TODOS os diretores espanhóis que fizeram filmes de horror), além de uma cópia remasterizada. O que eu posso falar desse filme? Trata-se de uma obra-prima, O filme que eu sempre recomendo para quem quer entrar no mundo selvagem do cinema de Franco sacar qual é a do 'homem'. Quanto ao filme? É a própra descrição da 'lógica de sonho' que diferencia o cinema fantástico europeu do americano. Sonhos dentro de sonhos, ninguém consegue entender exatamente o que está acontecendo, mas o clima é tão legal que a gente vai ficando por ali mesmo. Segundo diz Tim Lucas em seu blog(http://www.videowatchdog.blogspot.com/), nas entrevistas Franco dá a entender que nem ele sabe explicar direito a história do filme (que parece aludir à lenda latina da Chorona - mais sobre isso daqui a pouco), ao mesmo tempo que reclama que os críticos desancaram seu filme por não entendê-lo...

Nesse mesmo pacote da Blue Underground, um programa duplo com os filmes da série 'Lábios Vermelhos' (Kiss me Monster - Besá-me Monstruo- e Undercover Angels - Sadisterotica-), com a linda Janine Reynaud fazendo dupla com Rosana Yanni como espiãs que escondem suas identidades secretas como strippers... filmes tolos porém divertidos, com ação típica do final dos anos 60. Dependendo como estiverem minhas finanças quando estes DVDs saírem, no final de agosto, pretendo comprar ambos para a minha coleção.

HORROR HECHO EN MEXICO



Falando na minha pobre coleção, recebi essa semana dois filmes mexicanos de horror que finalmente receberam o tratamento que mereciam. Eu só conhecia 'La Maldición de la Llorona', de Rafael Baledón, e 'El Espejo de la Bruja', de Chano Urueta, através das versões dubladas em inglês pela 'mestre' do cinema feito na Flórida, K. Gordon Murray, que deixava todo mundo falando como se fosse personagem de desenho animado, e faziam o favor de cortar cenas-chave do mesmo, deixando-os ainda mais toscos e incompreensíveis. Os filmes até não são perfeitos... mas são fascinantes, pois são ao mesmo tempo muito parecido com os filmes da Universal dos anos 30, e citam os então contemporâneos filmes de Roger Corman (sua série sobre Poe) e Mario Bava (em 'El Espejo... ' há uma cena de uma bruxa sendo morta na fogueira que parece ter sido tirada de 'A Máscara do Demônio'), misturado aos valores locais, ou seja, 'filtrados' por uma ótica machista impecável (o mal sempre vem das mulheres, elas são sempre bruxas, são as primeiras a serem possuídas pelo mal, e a vilã sempre é a madrasta) . Como sempre diz Pete Tombs, se aprende mais sobre os valores de um país vendo seus filmes de gênero, pois os filmes de arte seguem o padrão francês em todo o mundo... Boledón é sempre citado por Guillermo del Toro como seu cineasta 'local' favorito, enquanto Urreta era amigo de Sam Peckinpah, tendo aparecido como ator em 'Meu Ódio será sua Herança' (como um camponês) e 'Traga-me a cabeça de Alfredo Garcia' (como o pai da menina grávida... é ele que quebra o braço dela na primeira cena). Como eu já disse, sobrevive a fotografia expressionista, escura e pesada, e há muita criatividade, pois esses filmes mexicanos deixam as produções italianas parecendo superproduções. Nos próximos meses sairão pela mesma produtora os clássicos 'El Vampiro', de Abel Salazar (junto com 'El Ataud del Vampiro', sua continuação - ou será que a continuação é 'El Vampiro'? Nunca entendi, o importante é que sairão os dois), e... 'El Barón del Terror', do já referido Chano Urreta, conhecido entre os colecionadores como 'The Brainiac'. Esse final de ano promete...

11.7.06

WAYNE KRAMER RULES

Não o guitarrista, mas o diretor do melhor thriller policial feito esse ano. Eu não ia ver esse 'No Rastro da Bala', pois quando vi o nome de Wayne Kramer imaginei que fosse o guitarrista do MC5. Como eu me lembro que gênios da música como Bob Dylan e Neil Young deram com os burros n'água quando quiseram demonstrar suas habilidades como diretores de cinema, achei que estava vacinado contar esses crimes (o que se deu bem foi Rob Zombie, que é da segunda divisão). O nome de Paul Walker me assustou também (aquele que não tem preconceitos atire a primeira pedra), pois não acho a menor graça em 'Velozes e Furiosos', que revelou atores tão luminares como Vin Diesel e Michelle Rodriguez. Mas quando vi o entusiasmo do colega de Cine Monstro Leandro, el Carazón, achei que podia sair algo desse mato... mal tinha acabado de locar e me loga o Cristian, entusiasmado ( ‘tu já viu esse filme? É sensacional!!!’ ‘não, zumbi elétrico, não vi, mas está locado, não estraga o final...’), achei que estava na pista certa. Realmente. É um raro thriller ‘hard boiled’, ultra nervoso e cruel. E Walker está bem, algo que eu duvidava vendo ser currículo anterior. O roteiro, do diretor, é sensacional, muito inteligente, com uma das maiores coleções de gente maluca e desagradável a dar as caras no mesmo filme nos últimos tempos. Altamente recomendado.

SLITHERS

Estréia na direção do garoto prodígio Jamie Gunn (roteirista de projetos tão díspares quanto Tromeo e Julieta, Scooby Doo e o novo Madrugada dos Mortos), ‘Slither’ (‘Criaturas Rastejantes’) cumpre tudo o que prometeu: é um belíssimo filme de horror, tão bacana quanto descompromissado e inteligente. Algum chato pode reclamar que não há grandes novidades na história. Realmente, mas a sabedoria está em fazer uma escolha muito bem feita de elenco (com o sempre eficiente Michael Rooker e a gostosona Elizabeth Banks), dosar as influências (a maior delas é o clássico oitentista ‘A Noite dos Arrepios’, mas há muito do ‘horror venéreo’ de Cronenberg e do ‘horror do corpo’ de Carpenter, além de citações à obra de Peter Jackson e Sam Raimi) e saber quando se levar a sério e (mais importante) quando não fazer isso. Uma pena que passou escondido, em dois cinemas com sessões às oito e dez da noite.

PREMONIÇÃO 3

Terceira parte da série iniciada a partir de um roteiro não utilizado no ‘Arquivo X’... não tem o frescor do primeiro filme nem é o inacreditável banho de sangue que é o segundo. Está longe de ser ruim (as mortes são bem boladas e sanguinolentas, a protagonista é uma gracinha e há uma bela cena com nudez gratuita que quase vale o ingresso só ela), mas o diretor-roteirista tem a irritante tendência de ficar explicando tudo um pouco demais para o meu gosto... nota 6, passou de ano, mas não empolga. Que a série fique por aqui.

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