5.3.06

TORRENTE

Os dois gêneros que mais perdem com a onda politicamente correta que toma conta do mundo são o horror e a comédia. O horror por funcionar melhor no limite, sempre descobrindo áreas que afetam o espectador (não por acaso seu último ápice foi durante os anos 70, quando ainda era viável lançar produções sem necessidade de ), e a comédia pela necessidade de atacar para todos os lados, sem as limitações impostas pelo suposto bom gosto imposto pelo politicamente correto. Não por acaso, as últimas comédias lançadas por aqui estão sendo uma pior que a outra, parecendo sketches alongados de programas de humor de televisão. Tem suas exceções, claro (eu vi O Virgem de 40 anos e adorei),mas o resto está cada vez mais próximo do inassistível.
Faço essa introdução chata para situar as comédias mais engraçadas que vi nos últimos anos. Torrente, o Braço Torto da Lei, e Torrente 2 Missão Marbella ignoram lindamente o politicamente correto. São comédias grossas, fazendo pouco com minorias, debochando de anões, com personagens principais tomando drogas e não sendo punidos por isso...
Torrente, o primeiro (que foi exibido no Canal Fox algumas vezes) trata da rotina de Torrente, policial aposentado, trambiqueiro e mau caráter. Em 10 minutos de filme descobrimos que ele faz o pai pedir esmolas no metrô de madri... e daí por diante tudo vai piorando. Ele achaca traficantes para conseguir drogas, cobra para fazer treinamento com um coitado do vizinho(Javier Cámara, que foi fazer Fale com Ela com Almodovar depois de ser revelado aqui), tem amigos pouquíssimo recomendáveis no submundo... tudo isso para coroar a inacreditável caracterização do escritor-produtor-ator principal Santiago Segura no papel principal. Gordo, suado, cafajeste, fazendo uma metáfora mais grossa que a outra sobre seu órgão sexual, ele vai se superando cena a cena.
Já a (primeira) continuação... apesar de ter gasto mais dinheiro que a primeira e ter valores melhores de produção, é a mesma coisa. Em cinco minutos Torrente perde todo o dinheiro que arrecadou no primeiro filme, de forma estúpida, como sempre, e se estabelece como detetive em Marbella. Em sua primeira missão, ele tem que descobrir se uma mulher é fiel ao seu marido. Descobre que ela é prostituta. Achaca ela, faz ela limpar sua espada (estes são os termos que ele usa) e, depois de receber o dinheiro, ainda elogia suas habilidades ao marido. O mesmo tem um ataque cardíaco na rua, e ele se preocupa em... tirar todo o dinheiro que o velho tem no bolso. Esse é Torrente!!!!! Isso em dez minutos de um filme de 100!!! Hilárias as participações de Carlos Moya, tenista, e a chocante descoberta do verdadeiro pai de Torrente, que é traficante.

Estou tendo essa onda de nostalgia sobre o personagem por estar em Livramento, visitando meus pais, e ter visto na locadora de Rivera o cartaz de Torrente 3, o Protetor, entre as próximas atrações. Já se tornou um dos meus filmes mais esperados do ano!!!


ESCURIDÃO

Eu já havia me resignado em ver esse filme tão elogiado pelo Aguilar e pelo Carrard em vídeo quando o mesmo entrou em cartaz de novo num cinema do centro de Porto Alegre. Fui ver agora no Carnaval. Se não é a obra-prima descrita pelo Aguilar, é uma produção nota 9. Lindamente complexa, fazendo belíssimo uso de locações e lendas irlandesas, e tendo meu novo amor Maria Bello no papel principal (uma pena que ela fica vestida o tempo inteiro) (eu achei essa mulher tão linda em Uma História de Violência que estou pensando em ver Coyote Ugly, de Bruckenheimer, só para vê-la melhor), perde um ponto por ter um personagem um pouco inspirado demais em Sadako(Samara) de O Chamado. Mas o filme é eficientíssimo em usar esses clichês, e originalíssimo em combiná-lo com outros elementos. Um filme desses é tão bom quanto seu final (apesar de eu perdoar, por exemplo, uma obra-prima como O Sétimo Portal, de Roman Polanski, do percado de terminar terrivalmente mal), e aqui temos um final quase ao estilo Retorno ao Planeta dos Macacos (quem viu vai lembrar, é o meu paradigma de final apocalíptico). Em resumo, um filme sério, tenso e bom prá cacete, prova que provavelmente ninguém ouviu os conselhos dados pelo produtor Paul WS Anderson.

KOLCHAK E GUARÁ

Dois atores que eu gosto muito se foram, um que eu conheço há 25 anos, outro que eu havia acabado de ver... Darren McGavin, o Kolchak da série clássica, faleceu aos 83 anos. Quem tem a minha idade(33) ou é um pouco mais velho provavelmente teve uma infância mais feliz ao ver os filmes e a série de TV de Kolchak, o repórter abelhudo que descobria zumbis, vampiros, lobisomens e estranguladores na noite da Chicago dos anos 70. Eu já estranhei quando ele precisou aparecer em imagens de arquivo na refilmagem da série que foi feita esse ano (e é melhor do que lhe dão crédito, melhorou muito depois de um piloto ruim). A série durou apenas uma temporada, mas seus fãs se inspiraram e usaram esse mesmo tipo de personagem por anos. O que é Mulder senão um Kolchak mais moço e menos resinguento, que não briga tanto com seu chefe? Já Guará era um veterano do cinema underground, que havia acabado de fazer um papel estupendo em Um Lobisomem na Amazônia, o ajudante de Paul Naschy. Como eu já disse outra vez, não curto transformar meu pobre blog num obituário, mas é necessário registrar quando meus heróis passam para o outro lado...

Comments:
Oi THOMAZ que belos Posts. Comédia para mim é O CLUBE DOS CAFAJESTES, bons tempos aqueles. Que bom que vc teve paciência e sensibilidade para apreciar ESCURIDÃO, isso mostra a sua maturidade para analisar filmes ao contrário de certas criaturas que em sua teimosia obtusa não enxergaram nada, coisa de criança mesmo. Bom descanso por aí com as gatas e com os filmes. A gente vai se falando.
 
Marcelo, eu podia citar várias outras comédias que eu adoro (Quanto mais quente melhor, Arsenic & Old Lace, Um Dia nas Corridas), NENHUMA delas deixava de fazer piadas com minorias. O Politicamente Correto, que quando apareceu parecia que ia ser uma moda universitária, está se tornando uma verdadeira praga universal. Tá difícil, querido!!! E, claro, se a gente reclama do preconceito dos outros com o nosso gênero, não temos motivo nenhum para sermos preconceituosos. Prefiro ter opiniões erradas, mas minhas, que pegar prontas opiniões alheias, mesmo que melhores que as que eu tenho. Ufa, tô me excedendo na resposta. Grande abraço, véio, já estou com saudade das minhas gatas (que ficaram em Porto Alegre, aqui estou convivendo com os cachorros que a minha família cria).
 
Esse(s) "Torrente"(s) parece bom mesmo, adoro esses filmes q. dão uma banana pro politicamente correto.

E sobre "Escuridão": "YES,YES!!!", até q. enfim: eu, o Carrard e o Sérgio Andrade não estamos mais sós, se bem q. nunca estivemos, pois qm. torceu o nariz para o filme foram os críticos e os blogueiros, pq. o público já o colocou na 3.ª maior bilheteria do ano até aqui. Valeu!!!

Ah, é bom dizer: O Dennison tb. gostou.
 
Carrard, só pra variar, xingando todo mundo que não gostou do filme. Será tão difícil assim elogiar fulano sem esculhambar ciclano? Quando comentei o filme no meu blog, não escrevi nada do tipo "...ao contrário de certas criaturas que gostaram do filme e bla bla bla...". Mas não vou me alongar, porque essa discussão já é deveras ridícula por si só.
 
Torrente é muito legal mesmo...Principalmente os dois primeiros da série...Eu vi o terceiro e não gostei muito...É fraco se comparado com os dois anteriores...
 
Os primeiros comentários que eu li não são lá muito animadores... mas vamos esperar. Quando eu vi a abertura ao estilo 007 do segundo pensei que estávamos vendo uma bomba se formando, mas o filme acabou sendo um barato.
 
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