10.3.06
Recentemente, numa troca de DVDs com um amigo gringo, recebo no meio do que eu havia combinado o DVD do filme Jack-O, de um certo Steven Latshaw, que eu nunca havia ouvido falar... pergunto para meu amigo se aquilo é presente, ou se eu havia feito algum rolo a mais e tinha esquecido... sim, era presente. Com uma recomendação: veja o filme com o comentário...
Como eu andava meio sem tempo, fui deixando passar... e agora em minha semana de férias fui dar uma olhada. Em minhas pesquisas, o filme só era notório por usar cenas com John Carradine e Cameron Mitchell que estavam no arquivo de seu produtor executivo, Fred Olen Ray, para alguma eventualidade... o cabra nunca mais tinha feito nada (que aparecesse)... vamos ver.
Realmente, o comentário vale o filme. É o mais doido que eu ouvi em ANOS. Eu já havia ouvido comentários confrontativos (como o de Steven Sondebergh com o roteirista de 'O Estranho - The Limey', que o cara fica o tempo inteiro reclamando de cenas que foram cortadas e substituídas por videoclipes, ou em 'A Soma de Todos os Medos', em que o autor do livro fica detonando as inúmeras mudanças que o diretor fez em seu livro), mas nada parecido com isso aqui. Os debatedores são os já citados Fred Olen Ray, produtor executivo (e dono da empresa responsável pelo lançamento, Retromedia Entertainment), e o diretor, Steven Latshaw. Tudo começa relativamente calmo, todos são amiguinhos, mas desde o início Fred fica cutucando o cabra, rindo dos (inúmeros) defeitos de Jack-O (como ele faz em seus próprios filmes). Com o tempo, mr. Latshaw vai se irritando, e começa a devolver os cutucões que recebe, se defendendo cada vez que um erro de continuidade é exposto, quando um ator faz uma canastrice. E vai ficando cada vez mais mal-humorado, reclamando do suposto detalhismo de Olen Ray (evoca até a 'suspensão da descrença', tão defendida por Ed Wood). Até que, mais ou menos a uma hora de projeção, ele literalmente explode. Olen Ray comenta que um adolescente que recentemente viu o filme com ele chamou o mesmo de 'um saco de merda' (em inglês o termo usado é 'shit pickle'), e Latshaw perde de vez a paciência e a compostura. FUCK YOU, YOU ASSHOLE!!!!! Um chinga abertamente o outro!!!Sons de socos!!! O cabra é arrancado do estúdio pela turma do 'deixa disso' e fica tentando entrar na marra, dando chutes e discutindo com o segurança, até o fim da sessão!!! Em resumo, o troço vira um belo dum barraco, teoricamente encerrando uma amizade de 20 anos. Nada mal para uma terça-feira de manhã, que eu estava vendo o filme com dois cachorros, na sala da casa dos meus pais.
Pesquisando e perguntando, eu descubro que na verdade essa briga foi combinada, e que os dois se amam mutuamente. Ia ser demais mesmo o cara fazer uma bomba dessas e achar que era uma reencarnação do Orson Welles, que seu 'rebento' devia ser levado a sério como, digamos, 'Cidadão Kane'. Ia evidenciar uma imensa falta de simancol. Uma pena. Mas que eu me diverti ouvindo isso inocentemente, sem saber da combinação, isso eu me diverti;-)))
E vc. tá muito crente na humanidade, com um pouco da sua descrição, eu já desconfiei da armação, aliás, esse esquema começa a pipocar por aqui, salvo engano meu, o Carrard participou de uma sessão da mostra internacional de curtas, na qual havia um doc. sobre uma freira q. se assume lésbica, e dizem q. lá pelas tantas, um cara ao final da sessão (estratégico, não?) vociferou palavras de ordem contra o filme, q. era um absurdo e coisa e tal, e foi sonoramente vaiado pela platéia, mas convenhamos, vc. vai a mostra intern. de curtas, um evento bem específico, entra em uma sessão da qual faz parte um título como "Sexo e Claustro" e espera ver o quê?
Ok, vamos admitir q. vc. é o distraido por excelência, mas vc. resolve reclamar do filme qdo ele termina?
De toda sorte, até q. acho saudável esse tipo de marketing, só precisam se aperfeiçoar mais.
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