6.2.06

FÉRIAS ADIADAS

Se tudo tivesse dado certo, eu estaria adentrando hoje em meu primeiro período de férias. Trabalhei a mais (com direito a atrasar as atualizações do blog), tentei deixar tudo pronto para não deixar meus colegas na mão... mas tinha tanta coisa a ser feita que tive que adiar meu merecido descanso para o início de março, sujeito a atrasos. Ó Deus, ó vida...

VENDO FANTASMAS

A série ‘Gin Gwai’ (‘Vendo Fantasmas’), lançada internacionalmente como ‘The Eye’, adentra em sua terceira produção sem poder ser acusada de repetição. O primeiro filme da série, ‘The Eye (2000)’ (lançado em DVD no Brasil como ‘A Herança’) é um thriller de ação, o segundo, ‘The Eye 2’ (2004, lançado nos cinemas como ‘Visões’) é um pesado drama feminista sobre as atribulações que uma mulher passa durante sua gravidez, que pode ser colocado na mesma prateleira que ‘Repulsa ao Sexo’ e ‘Possessão’ sem causar nenhuma estranheza. Já o terceiro, que tem o exuberante título ‘The Eye 10’ (e saiu aqui, mais extravagantemente ainda, como ‘Visões 2’)... é uma comédia adolescente. Jovens de Hong Kong vão para a Tailândia (que deve ser uma espécie de Transilvânia da Ásia, pelo menos é o que eu estou aprendendo nos filmes asiáticos), aonde tem a brilhante idéia de ver se o livro que um deles comprou, ‘Como avistar espíritos’, funciona mesmo. Acaba sendo o mais oriental de toda a pretensa triologia (aonde nenhum filme tem nenhuma relação com os outros), no sentido que tem mudanças bruscas de ritmo, alternando (boas) cenas de suspense com (tolos) interlúdios cômicos. Requer uma boa dose de paciência do espectador (em especial em duas cenas: uma que o espírito dança break, outra em que os personagens começam a fazer piadas com flatulências em meio às almas penadas), mas recompensa com cenas estupendas, e a sempre fascinante mitologia budista sobre a vida além túmulo. E um final que lembra nada mais nada menos que o clássico ‘Terror nas Trevas(The Beyound – L’Aldila)’, de meu herói Lucio Fulci. Em resumo, o lado ‘sério’ da história leva nota 8, o lado ‘cômico’ leva nota 4. Média 6. Aprovado.

WOLF CREEK

Nada mal. Faz pela Austrália o que ‘O Massacre da Serra Elétrica’ fez pelo Texas. Bela história, muito bem levada, sobre uma turma de jovens que se perde pelos cafundós da Austrália e começa a ser perseguida por um caipira de hábitos sociais, digamos, condenáveis. Confirma uma tese do estudioso britânico Pete Tombs, de que se aprende mais sobre os hábitos dos povos vendo seus filmes de baixo orçamento de que seus filmes de arte, pois enquanto os segundos tendem a seguir o padrão francês, os primeiros, por seguirem menos regras e convenções, tendem a revelar mais detalhes da vida cotidiana de cada lugar.

MESTRES DO HORROR

Vi três dos quatro episódios da série a serem exibidos. O episódio 9 (‘Fair headed Child’, de William Malone, cuja única ‘qualidade’ para ser convidado para a série foi ter sido colega de quarto de Mick Garris) na ordem que foram exibidos, não na que está no site) chegou num formato meio esquisito (a imagem fica centralizada no meio da tela), estou tentando baixá-lo ‘direito’ para fazer uma resenha decente dele. Aqui estão os comentários:

‘Sick Girl’, de Lucky McKee

Belo episódio do diretor de ‘May’. Como bem nomeia o Leandro Caraça, é o episódio ‘das lésbicas e dos insetos’. Conto de fada moderno sobre uma bióloga lésbica e seu romance com uma menina que desenvolve, digamos, uma anormalidade relacionada com um inseto brasileiro que está se escondendo em algum lugar do apartamento em que as duas estão morando. Tenso, esquisito pra caramba, violento e com um belo final romântico.

‘Pick me up’, de Larry Cohen

Filme de estrada, com uma envelhecida Fairuza Balk (que há bem pouco tempo era uma adolescente linda em ‘Quase Famosos’) presa entre lendas urbanas nas estradas dos Estados Unidos. Episódio marcado pela presença sinistra de Michael Moriarty(o promotor Stone dos primeiros anos de ‘Lei & Ordem’) como o defensor dos passageiros de um ônibus ameaçado por um psicopata. A escolha de Cohen me surpreendeu, mas mais ainda me surpreendeu este ser um dos melhores episódios da série (quando eu ver o episódio que me falta, mais o de Miike – comento depois – eu posto minha lista de episódios por ordem de preferência), graças ao excelente roteiro de David Schnow (que escreveu o roteiro da seqüência de ‘O Massacra da Serra Elétrica’ que está para ser lançada nos Estados Unidos). Clima agressivo, fotografia ótima (acho que foi o primeiro da série a ser captado em vídeo – aquela câmera usada por Michael Mann em ‘Colateral’), atuações convincentes, e um final sensacional.

‘Haeckel Tale’, de John McNaughton

Esse episódio mudou várias vezes de mãos... começou sendo designado para ser dirigido por Roger Corman, depois foi ‘repassado’ para George Romero, acabou nas mãos de John McNaughton. Acabou sendo uma decepção, não por ser ruim (não é, tem pelo menos dois episódios piores que esse na série, o do ‘dono da bola’ Mick Garris e o de John Landis, que para minha surpresa foi adorado pelos meus queridos amigos ‘Airto’ Monteiro e Leandro Caraça), mas pelas altas expectativas levantadas. Inspirado num conto de Clive Barker, é uam variação no tema de Frankenstein, com um médico estudando as ações de um necromante que diz ter o poder de ressucitar os mortos. Dá a impressão de ter sido assumido na vigésima quinta hora por Mcnaughton e tocado no piloto automático. Boas idéias perdidas na direção meio irregular dos atores.

‘Inprint’, de Takeshi Miike

Decepção. Não com o episódio (a estréia de Miike em língua inglesa), mas com a emissora, que cancelou sua exibição sem dar maiores explicações. Tomara que ele seja lançado em DVD, ou exibido nessas plagas (quando algum misericordioso canal a cabo, ou aberto, resolva exibir essa série no Brasil) num futuro breve. Ou que alguma alma caridosa pirateie o mesmo e o jogue na rede. Toda pirataria será justificada


COZZATTI

Eu odeio ter que dar notícias assim... o crítico de cinema e psicólogo Luis César Cozatti, conhecido de todos que freqüentavam as sessões do Clube de Cinema, deixou este plano de existência no sábado à noite, tendo sido enterrado domingo de tarde (ontem). Citando Woody Allen (em um filme que eu tenho certeza que o Cozzati viu), ninguém queria que ele atingisse a imortalidade através de sua obra, todos queríamos que ele atingisse a imortalidade não morrendo. Como isso não é possível, nos resta o consolo que Cozatti viverá por muito tempo, em seus textos e na memória daqueles que o conheceram.

Comments:
é verdade! Acho que o Mozilla não atualizou a sua página e quando acabei de comentar a página atualizou....mas fica aí meu comentário, pois aprecio muito seu blog, ainda mais agora que estou iniciando uma empreitada pelo cinema de horror. Já pedi algumas recomendações ao blog do Marceo Carrard e ele me aconselhou Mario Bava, Roger Corman e os clássicos da Universal. Você tem, por algum acaso, alguma outra dica pra começar?
 
Marcelo, eu sempre recomendo que quem quer se iniciar em matéria de cinema tem que ver tudo que o Hitchcock fez, nem que seja para reconhecer as citações que tantos diretores fazem dele. De horror europeu, o filme que iniciou o gênero como o conhecemos é 'Os Olhos sem Face', de Georges Frajou, que saiu no Brasil, logo é mais que recomendado que você o veja. Outro filme notável que saiu aqui é 'Kwaidan', que é uma sensacional introdução ao horror oriental. No mais, Corman e Bava são ótimas introduções (eu incluiria Brian de Palma, se você não viu, e Dario Argento). A London Filmes lançou os primeiros filmes de Bava (A Máscara do Demônio, As Três Faces do Medo) a preços acessíveis (10 reais nas Americanas), são uma recomendação bem acessível.
 
RONALD, RONALD, RONALD (li o nome do Carrard e Tico brigou com Teco e fez a ligação errada)
 
Pois é, tchê Thomaz, essa notícia do Cozzatti nos pegou todos desprevenidos. Infelizmente.
 
Eu estive com ele em dezembro, no último 'Raros' do ano passado. Ele estava vendendo saúde. Falou muito mais que eu, deu risada, fez piadas. É assim que vou me lembrar dele. Dizem que para morrer basta estar vivo, a gente comprova isso da pior maneira possível.
 
Não tem problema errar o nome, heheh. Do Hitchcock eu já vi quase tudo, menos a fase inglesa, Os Olhos sem Face, do Franju, eu também consegui ver, Brian de Palma, quase tudo que ele fez do gênero terror e suspense eu vi (Carrie, Vestida para matar, Dublê de Corpo, e outros). Isso é bom porque quer dizer que já estava no caminho certo. Dario Argento eu não vi nada, então vou inclui-lo junto com o Bava e Corman e vou procurar esse Kwaidan! Valeu pelas dicas!
 
Não sei qual é a surpresa do episodio do Larry Cohen ser um dos melhores da serie.
 
OI THOMAZ que bom ler um Post novo. Pena que seus planos de férias floparam o que significa que vc não vem para São Paulo e não vou passar meu aniversário em sua compania, aliás aniversário que antecede a Sessão Comodoro de 1º de Março. A séreie Masters of Horror parece que vai sair em DVD no Brasil pela Paris Filmes, é verdade? Ótimo post sobre o Wolf Creek e sobre o The Eye 3 que já era artigo pop entre os colecionadores que se aventuram nas obscuras galerias do Bairro da Liberdade aqui em Sampa.
 
Gostei da nova cara do blog. O episódio do Malone, eu vi num player que toca divx e que tem o recurso de zoom. Aí deu pra eu aproximar a imagem e ficou legal na tv de 29 polegadas. Mas é um dos mais fracos da série.
 
Atualizei meu blog com uma pequena resenha de "Cigarette Burns", se quiser dar uma conferida...
 
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