12.1.06

TIME IS ON MY SIDE

O tempo que tem andado rápido demais ou eu ando trabalhando muito? Não sei, é difícil descobrir. Com o período de festas de fim de ano, então, é fácil esquecer de tudo também...
Com isso, vou tentar 'sumarizar' o que andei vendo de importante. Estava planejando montar uma lista de melhores do ano, mas ela acabou ficando bagunçada, com alguns lançamento (vou comentá-los) feitos na última semana do ano. Até o fim dessa mensagem eu penso no que eu faço, então...

KONG É REI



Eis um filme complicado de comentar... Kong é meu herói de infância, vi suas duas encarnações (falando em português lusitano) quando era um putinho, a versão 'De Laurentis' com 6 anos, em 1978 (levado por um tio que se sujeitava a ir comigo no 'maravilhoso' Cine Colombo, de Livramento, com direito a corridas de morcego) , a da RKO no cine Imperial, de Rivera (mais sofisticado, os morcegos eram educados e voavam acima da tela, não atrapalhando a projeção), na programação do 'Cine Club Uruguay Brasil', do qual eu era um dos 9 sócios pagantes nessa época (eu tinha 11 anos). Eu até gostei da refilmagem, mas quando vi o original fiquei chocado(e nunca mais consegui ver mais de 10 minutos seguidos daquela falcatrua). Era sensacional... e continua sendo, o revi agora em DVD (é outra história a ser contada, como diz Conam)... o que dava uma bela duma idéia do tamanho da enrascada em que Peter Jackson estava se metendo. Personagens inesquecíveis, cenas sensacionais, efeitos que até hoje não se entende como foram feitos na época...
O que mais salta aos olhos é o carinho que Jackson tem pelo filme original, o respeito que ele tem pelas cenas e personagens que fizeram o filme de 1932 o que ele é. Ele recria momentos essenciais do original, repensa outros, faz questão de expandir os horizontes dos personagens (grande parte dos 80 minutos que a refilmagem tem a mais são gastos em aprofundamento psicológico dos mesmos)... e quando muda as coisas, quase sempre é para melhor. A tribo de índios do original, caricata (que por sinal é homenageada mais tarde, quando da apresentação do bicho no teatro), é substituída por uma legítima tribo de canibais, saída direto da obra de diretores como Deodato ou Lenzi. Só faltou eles matarem uma tartaruga ou macaco para confirmr minha tese...
Vi muitos elogios às performances dos atores principais... eles merecem (em especial Naomi Watts), mas meu personagem favorito dessa refilmagem é o capitão do navio, vivido pelo meu xará Thomas Kreutzchmann. Sou fã deste ator desde que o vi fazendo o papel de tarado/ estuprador em 'Síndrome de Stendhal', de Argento, sua persona sinistra e calculista é um dos elementos que fazem o filme funcionar.
E tem Kong... haviam muitos riscos com o macacão. Ele podia virar um pateta, podia se humanizar demais, podia ficar muito simiesco... acabou ficando o que devia ser, um simpático macaco de filme, se dando aqueles socos no peito que todos adoramos... e tendo sentimentos na medida certa, sem virar um 'guardião da floresta e defensor dos oprimidos' como os politicamente corretos o imaginam (nunca os subestimem). Seu visual, todo machucado das 'ocorrências diárias' na Ilha da Caveira, ficou ótimo.
No mais, a Febeapá continua. Li pelo menos cinco resenhas reclamando que o filme tá mais parecido com Jurassic Park que com o King Kong clássico. Estariam certos... caso o original não tivesse TRÊS brigas do macacão com dinossauros, como se a 'roupa de selva' do filme de JP não fosse semelhante à dos personagens do clássico da RKO e se a 'porta de entrada' do Jurassic Park não fosse uma homenagem do velho fã de King Kong, Steven Spielberg, ao filme. Se alguém 'homenageou' alguém, foi o Jurassic Park ao Kong, não o contrário. Se o novo Kong parece ser qualquer coisa, é exatamente uma refilmagem de King Kong, não um Jurassic Park 4... Parece que só viram a versão de De Laurentis, que aquele macaco vagabundo brigava só com uma cobra fajuta... me contam que um crítico porto-alegrense teria escrito que aquela 'abominação aos olhos de Deus' (como Mary Shelley descreve seu Frankenstein) que é o Godzilla americano é mais filme que o novo Kong... por sorte não li essa crítica, pois acabaria mandando um mail cheio de desforos para o seu autor... deve ser invenção do Cristian para me irritar;-)))
Resumindo, um dos três acontecimentos do ano dentro do cinema fantástico, junto com 'Land of the Dead' e a série de TV 'Masters of Horror'. Um ponto alto na filmografia do homem que está vencendo Steven Spielberg em seu próprio jogo, Peter Jackson (que eu espero que honre sua promessa de fazer uns filmes de horror vagabundos com sua velha turma para se divertir, como ele vem prometendo desde que dirigiu 'Os Espíritos' para Bob Zemeckis).

OS REJEITADOS DO DIABO


Quem diria que Rob Zombie ia se tornar um puta dum diretor de filmes de horror... quem diria que ele ia conseguir fazer um puta dum filme de estrada, à moda setentista, com todos aqueles elementos (nudez gratuita, violência selvagem, rock sulista) que todo mundo parecia não saber mais combinar... só posso dizer que é um puta dum filme, que deixa a impressão que o cara tava escondendo o jogo em sua estréia, o razoável 'Casa dos 1000 Corpos'.

800 BALAS


Lançamento surpesa em vídeo no final do ano... sensacional e emocionante comédia que homenageia o spaghetti western... feita por fãs do gênero (ao contrário dos diretores de 'Todo Mundo em Pânico', que fazem um tipo de crítica destrutiva que eu abomino). Bom poder ver em DVD nacional, eu havia baixado da net uma versão com legendas lusitanas... e dê-lhe 'raparigas', 'putinhos' e gírias modernosas que eu desconhecia. Uma pena que seu filme seguinte, o sensacional 'Crimen Ferpecto', não saiu por aqui. Como bem menciona meu colega de Cine Monstro Leandro Caraça, é um devastador comentário sobre padrões de beleza... e uma homenagem sincera a Alfred Hitchcock, Otto Preminger e Asterix. Esperem sair por aqui.

MASTERS OF HORROR EP 08 - CIGARETTE BURNS


Ziraldo nunca brochou (é o que ele diz, pelo menos), e John Carpenter nunca fez um filme de horror ruim. Além de ser ótimo como horror, chega às raias da genialidade como homenagem cinéfila. E, vamos e venhamos, Udo Kier como personagem principal é covardia. Ótimo.

Eu já estou com o episódio 9 ('Fair Haired Child') da série baixado, mas William Malone, diretor da horrorosa refilmagem de 'A Casa dos Maus Espíritos', só é mestre do horror para Mick Garris, de quem foi colega de quarto quando ambos foram tentar a sorte como diretores em Hollywood. Devo ver lá por sexta...

RAROS

Sexta-feira exibirei 'Eu Andei com um Zumbi' no Gasômetro. Nada mais adequado para uma sexta-feira 13...

MELHORES DO ANO

Esses dois filmes que citei acima, que foram lançados na semana entre o natal e o ano novo, bagunçaram a minha lista de 'melhores do ano'. Até sexta a publicarei por aqui. Com direito a meus prêmios especiais, tipo 'Troféu Reptilicus' (para melhor filme de horror vagabundo do ano), 'Troféu Moulin Rouge' (pior filme do ano)...

No mais, é isso. Prometo postar algo legal até sexta.


Comments:
Vc. bem odia ter falado um pouco mais sobre o episódio do Carpenter, mas o texto sobre "King Kong" está tão genial, q. justifica tudo. Ainda não vi o filme e já levei uma dura do Carrard por conta disso, mas depois desse texto, não passa de hoje!! E a lista? Vê se não demora.
 
OI Thomaz. Grande Post. Concordo com tudo o que vc falou sobre o King Kong um grande filme que a crítica brasileira não soube resenhar. Bom saber que vc gostou do filme do Rob Zombie que muita gente tem detonado por aqui. Boa Sorte aí no calorão de POA...
 
Aguilar, resenhar filmes ótimos é fogo... mas a seu pedido vou fazer uma análise mais aprofundada essa noite, com direito a uma pequena fofoquinha (que envolve o roteirista, nada a ver com Carpenter). Marcelo, uma rádio daqui chamou nossa querida cidade de 'Forno Alegre', é difícil discordar. Estou me sentindo em Zâmbia ou na Etiópia com esse calor. O que eu peço de uma crítica, que não devia ser muito, é que avalie um filme fantástico com critérios de filme fantástico, não como se fosse um drama existencial,ou um documentário da National Geographic ('não existem gorilas de oito metros, logo toda a lógica do filme é furada'... dá um tempo).
 
Caro Thomaz

Gostaria de mais informações sobre a sessão no Gasometro, tipo: horas, sala, diretor do filme, se vai ter debate depois do filme ...
Muito bom o seu blog.
Com textos na medida certa.

Um abraço
Ricardo Ghiorzi
rghiorzi@terra.com.br
 
Dados gerais, Ricardo: 9 horas, Sala PF Gastal (3º andar)o diretor é Jacques Torneur. A princípio eu falo uma ou duas palavras depois do filme (dependendo do clima eu proponho um debate num bar da Cidade Baixa depois do filme).
 
Nossa, se eu estivesse por aí iria com certeza na Raros. Dizem que esse filme foi influência confessa do Lucio Fulci e do Romero, é verdade? Com o calorão nada melhor que uma Polar bem gelada para brindar o bate papo pós filme. Por aquí, depois da Sessão Comodoro bebemos muita Serramalte...
 
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