31.8.06

RE CICLAGEM


Uau, segundo filme fantástico oriental a estrear em Porto Alegre em duas semanas. E desse vez dos irmãos Pang, que eu curto muito desde o primeiro filme da série 'Gin Gwai' ('Vendo Fantasmas', tradução litweral, lançada como 'The Eye' em inglês, 'A Herança' e 'Visões' em nosso país) . Como o terceiro filme dessa série ('Visões 2' no Brasil) acabou sendo polêmico em seu tom irônico (não compreendido por grande parte dos espectadores, que se irritaram com o tom de comédia estilo American Pie e não perceberam que os elementos que fizeram a equação funcionar nos dois primeiros produtos da triologia continuavam todos lá), havia a dúvida se eles haviam virado o fio ou se estavam guardando na manga uma carta, hipótese que se confirma com esta nova produção.
'Assombração' (nome horrível, volto a ele depois) é a obra mais pretensiosa dos Pang... depois de começar como um thriller sobrenatural 'normal', dá uma virada brusca mais ou menos em um terço da projeção e vira uma espécie de 'Alice no país das Maravilhas' freudiano e metafísico. Lembra vários filmes hollywoodianos (Cidade das Sombras e What Dreams may come - qual é o nome desse em português mesmo? - em especial) sem se calcar em nenhum deles e, melhor ainda, sem se render ao 'padrão Hollywood' de explicações. As informações vão sendo despejadas e o espectador que se vire. Os Pang também confirmam uma lebre que havia sido levantada em 'Visões', que conseguem escrever ótimos roteiros sob o ponto de vista feminino.

Lendo as resenhas gringas, vejo que houve algumas reclamações sobre um suposto 'viés anti-abortista'. Até existe isso, mas não é nada gratuito, pois se torna um dos mais importantes elementos do roteiro da segunda metade da história. A sensível atuação de Angelica Lee (a cega de 'A Herança', voltando a trabalhar com a turma) acaba fazendo tudo funcionar, pois se ela tievsse errado o tom tudo ia por água abaixo, o que é para ser uma jornada de auto conhecimento virava uma chanchada.

Agora, nossos tituladores estavam num dia inspirado quando escolheram o nome dessa produção. 'Assombração', além de dar o tom errado do filme, acaba dando várias pistas erradas para o público. Não é só o filme que se chama assim, o livro que a escritora está escrevendo também, e isso dá várias informações e expectativas equivocadas para quem está vendo.

24.8.06

SEMANAS ASTRAIS
Enquanto eu não consigo escrever muita coisa, 'graças' a um pequeno pepino em casa, deixo a letra de uma música que eu adoro, para 'enfeitar' o blog e não deixá-lo parado...
(para não dizer que Van Morrison não tem nada a ver com cinema, lembrem-se que ele aparece no melhor filme de Martin Scorcese, 'The Last Waltz', cantando uma emocionante versão de Caravan com a The Band matando a pau atrás dele...)

Astral Weeks

If I ventured in the slipstream
Between the viaducts of your dream
Where immobile steel rims crack
And the ditch in the back roads stop
Could you find me?
Would you kiss-a my eyes?
To lay me down
In silence easy
To be born again
To be born again
From the far side of the ocean
If I put the wheels in motion
And I stand with my arms behind me
And I'm pushin' on the door
Could you find me?
Would you kiss-a my eyes?
To lay me down
In silence easy
To be born again
To be born again
There you go
Standin' with the look of avarice
Talkin' to Huddie Ledbetter
Showin' pictures on the wall
Whisperin' in the hall
And pointin' a finger at me
There you go, there you go
Standin' in the sun darlin'
With your arms behind you
And your eyes before
There you go
Takin' good care of your boy
Seein' that he's got clean clothes
Puttin' on his little red shoes
I see you know he's got clean clothes
A-puttin' on his little red shoes
A-pointin' a finger at me
And here I am
Standing in your sad arrest
Trying to do my very best
Lookin' straight at you
Comin' through, darlin'
Yeah, yeah, yeah
If I ventured in the slipstream
Between the viaducts of your dreams
Where immobile steel rims crack
And the ditch in the back roads stop
Could you find me
Would you kiss-a my eyes
Lay me downIn silence easy
To be born again
To be born again
To be born again
In another world
In another world
In another time
Got a home on high
Ain't nothing but a stranger in this world
I'm nothing but a stranger in this world
I got a home on high
In another land
So far away
So far away
Way up in the heaven
Way up in the heaven
Way up in the heaven
Way up in the heaven
In another time
In another place
In another time
In another place
Way up in the heaven
Way up in the heaven
We are goin' up to heaven
We are goin' to heaven
In another time
In another place
In another time
In another place
In another face

PS: O disco novo de Bob Dylan, Modern Times, tá SENSACIONAL!!!

19.8.06

SAM MEU HERÓI

É só falar de música um pouco que eu me emociono...

As duas músicas que Kris Kristofferson compôs para Sam Peckinpah...




ONE FOR THE MONEY

I've seen you standing there stunned in the spotlight
I've seen the sweat streak the pain on your face
Cause you're caught like a clown in a circle of strangers
Who do you screw to get out of this place

It's one for the money
And too far to go
Three fingers of whiskey
Just for the soul

That lady you're pleasin'
Is hungry and cold
Don't look in her eyes
You'll see what you sold

Too many bodies in too many bars
Too many feelings are fallin' behind
Cause you're easy to fool when you're lost in the stars
Shoot out that spotlight before you go blind

It's one for the money
And too far to go
Three fingers of whiskey
Just for the soul

That lady you're pleasin'
Is hungry and cold
Don't look in her eyes
You'll see what you sold


SAM'S SONG


I have been with the best that the bastards could muster
From Danny the Dildo to Sidney the Snake
And I feel like a working girl pausing to wonder
Just how much screwin' the spirit can take

I said, ";Willie old buddy, please tell me again
The reason to keep goin' on.";
He said, ";There's no harder words to say over a friend
Than they done you so righteously wrong
They stopped you from singing your song";

He was our hero, boys, he took the bullet
But he went down swingin' his fist from the floor
You can ask any working girl south of the border
Sam Peckinpah era un hombre for sure

Willie old buddy please tell me again
The reason to keep goin' on He said,
";There's no harder words to say over a friend
Than they done you so righteously wrong
They stopped you from singin' your song.";
But not me.

Agora só falta achar as duas em mp3...


ALMAS REENCARNADAS


Uau, mais um filme oriental de horror no cinema... que bom que isso deixou de ser raridade. Que permaneça assim, e que a cortesia seja extendida a filmes italianos e espanhóis, para começar...

Quanto ao filme em si... é o mais 'clássico' dos filmes japoneses lançados aqui. Recupera um personagem tradicional no cinema de horror, a criancinha com a bola (que nesse caso é vermelha, já foi branca), que deu as caras pela primeira vez em 'Kill Baby Kill (Operazione Paura)', de Mario Bava, e dali partiu para 'aparições especiais' em 'Toby Dammit', de Fellini, 'Twin Peaks: Fire Walks with me', de David Lynch, para acabar em 'Medo ponto com', dum pulha que eu não lembro o nome.

O roteiro está longe de ser novidade: na rodagem de um filme de horror (que 'documenta' uma série de assassinatos reais), a personagem principal começa a ter pesadelos com o ocorrido, e a perceber que pode ser a reencarnação de um dos personagens do filme... Tudo bem como eu gosto, com poucas explicações, sem voice overs para explicar o que está ocorrendo... final apocalíptico, virada final sensacional, mitologia budista, lógica de sonho... estou no céu. Belíssimo. E, para quem fez a pergunta, aqui não existe aquele personagem, o fantasma de cabelos compridos. Uma hora insinua-se uma aparição dele, mas trata-se de um alarme falso.

Como em todo bom cinema, o que menos importa é o que está sendo contado, o importante é como se conta a história. Bem como eu gosto: com flashbacks 'cruzados', através de sonhos e visões dos personagens... sem nenhuma grande explicação para quem não sabe contar dois mais dois mentalmente. êba!!!

Uma amiga da Luciane reclamou que estão aparecendo muitos filme orientais de horror ultimamente... enquanto eles forem legais como esse, como 'Espíritos', como 'O Grito', eles que continuem aparecendo, eu quero mais!!!!!

Uma das resenhas que eu consultei reclama de incongruências... certo, quer tudo certinho, seguindo todas as leis da física dentro de um sonho... não percebeu que boa parte da ação se passa dentro da cabeça de uma das personagens? Legal... quem sabe admitir que não entendeu e ver de novo...

CRITÉRIOS SUBJETIVOS


Recentemente comentei uma situação minha com dona Luciane, e ela sugeriu que eu a colocasse no blog, poderia ser útil para os leitores saberem o que significam os 'critérios subjetivos' que fazem uma crítica ser diferente da outra...

Eu estou trabalhando há mais ou menos um mês em um conto chamado 'Anjos do Sul', inspirado (não só nisso, mais em alguma coisa de mitologia budista e alguns estudos) por uma letra da fase bicho-grilo dos Mutantes (que eu adoro - quem não gostar que me processe). Fiquei 'mergulhado' nisso exatamente nas minhas férias, que estão acabando nesse final de semana. Quando voltei para Porto Alegre, duas surpresas: primeiro, minha gata, a quem acabei dedicando o conto. Depois, um dos filmes que está sendo exibido em Gramado, e está estreando em Porto Alegre, se chama... Anjos do Sol. Nada a ver com meu conto... o filme trata de prostituição juvenil, o meu conto é super metafísico, bem abstrato (como eu sempre acho tudo que leio meio explicadinho demais, quando escrevo ficção tendo a explicar o mínimo possível...). Resultado: Vou ter que esperar umas duas semanas para ver o filme, que não 'fez' nada contra mim mas acabou ganhando minha antipatia por um motivo tão, digamos, metafísico...

Para dar uma idéia do que se trata o conto que estou escrevendo, aqui vai a letra da música...



Todas nuvens desapareceram
Vamos todos levantar
Dando graças aos espíritos da luz
que os anjos do sul já vão chegar...


Vamos juntos levantar os véus
Que nos cobrem o coração
Dando graças aos espíritos de luz
Que os anjos do sul já vão chegar...

Esperança, amor, contemplação
Vamos todos alcançar
Dando graças aos espíritos da luz
Que os anjos do sul já estão no céu...


15.8.06


MAIS CASTELOS DE SANGUE


Um filme interessantíssimo esconde-se atrás do título genérico "Blood Castle", utilizado várias vezes (como em 'Danse Macabre', de Antonio Margheritti, lançada em DVD como 'Castle of Blood', ou na versão para TV de 'Il Frusta i il Cuorpo', de Mario Bava, ou ainda no filme de Jorge Grau sobre a Condessa Bathory, lançado nos cinemas americanos como 'Legend of the Blood Castle)... trata-se de "IL CASTELLO DALLE PORTE DI FUOCO" (ou "Ivanna", se você for olhar em sua ficha espanhola), co-produção franco-ítalo-espanhola rodada pelo diretor espanhol José Luis Merino em 1972. Quando começou eu já ia desligar o aparelho, pois eu já tinha visto esse filme antes, como "Scream of the Demon Lover"... uma olhada mais atenta faz reparar que a versão da Sinister Cinema com esse título dura 75 minutos (74:45, para ser exato, fui ver na fita), enquanto essa outra, sob a alcunho "Blood Castle", dura 98... ou seja, sem nenhum aviso, restauraram-se quase 25 minutos de metragem. Além de mais nudez e sangue, apareceram também algumas cenas que transformam o que era uma boa duma zorra em algo que faz bem mais sentido. Como eu não tinha muitas informações sobre o original (que me foi presenteado pelo Coffin Souza, quando ele se mudou para o Nordeste), imaginava, pela temática e pelas 'características' (passado num castelo, cenas com candelabros, laboratórios cheios de coisas burbulhando), que ele devia ser da 'Golden Age' do horror italiano (1959-66, iniciada em 'I Vampiri' da dupla Fredda-Bava)... engano, é do início dos anos 70, em plena 'silver age' (iniciada 'informalmente' por Mario Bava em 'Hatchet for Honeymoon', em 1967). O elenco e a maneira de dirigir é mais espanhola que italiana (a todo momento se espera que Paul Naschy ou um dos mortos cegos dê as caras), mas foi rodado na Itália. Também 'denunciam' sua época a nudez frequente das atrizes e a boa dose de violência, típicos das produções pós-A Laranja Mecânica. Um filme a ser descoberto... e a ser lançado decentemente, pois o DVD da Retromedia (origem do 'rip' que eu baixei), apesar de seu imponente frame em widescreen (ao contrário das versões em 'full screen' de 'Scream of the Demon Lover', retiradas de cópias de 16mm) foi masterizado de uma fita em VHS lançada na Inglaterra há umas duas décadas. Alguma produtora maior se encarrega de proceder um lançamento decente?

ADDIO


Dedico meu mini artigo de hoje a uma de minhas melhores amigas, dona Babou Babulina, que deixou nossa dimensão neste sábado... quem não tem animais de estimação não faz idéia de como a gente se apega neles... para um casal sem filhos como eu e a Luciane, ela ocupava mais ou menos essa 'posição' na casa, com as devidas 'correções de rota' (sim, nós sabemos a diferença entre um gato e um ser humano)... em seus três anos nesse plano ela nos trouxe muitas alegrias e nos deu muito amor, retribuído por nós. Para os que ficam, sobram a saudade e as memórias.


13.8.06

PÂNICO NO TRANS-SIBERIANO

Há filmes que ficam com a gente, não interessa quanta coisa a gente veja... a produção espanhola 'Horror Express' funciona assim comigo.
Adoro o filme desde que o vi pela primeira vez, no início dos anos 80. Não, não foi no SBT, naquela sessão legendada que levou esse filme a ser exibido toda quarta-feira durante anos. Foi na TV uruguaia mesmo. O SBT só começou a pegar em Livramento no final dos anos 80... com o tempo, sempre que o revejo descubro qualidades que não era capaz de identificar naquela época.
Para quem não viu, trata-se de um senhor filme de horror. Arqueólogos ingleses (Peter Cushing e Christopher Lee) estão transportando um fóssil desde a China para a Europa, quando ladrões acabam despertando o tal fóssil, liberando uma energia maligna que começa a possuir os passageiros do trem, levando a uma explosiva confrontação...
Fiz só um apanhando do que acontece no filme pela singela razão que custaria muito e não daria conta do recado. Ao contrário do que ocorre normalmente no gênero, aonde os roteiros são simplistas e pouca coisa acontece, aqui chega a haver um congestionamento, com MUITA coisa ocorrendo, idéias novas sobre a criatura e seus poderes sendo acrescentados quase que de dez em dez minutos, culminando com a chegada de Telly Savallas e seus cossacos.
O elenco... começa bem, com Cushing e Lee ficando do mesmo lado, o que raramente ocorre. Savallas também dá conta do recado, com seu maníaco Capitão Kazan. O resto do elenco, majoritariamente espanhol, está bem acima da média do gênero(incluindo várias caras que quem vê os filmes de Paul Naschy e Amando de Ossorio dessa época conhecem bem), com destaque para o argentino Alberto de Mendoza (que filmaria 'Bossa Nova' e 'Lua de Outubro' no Brasil, no início dos anos noventa), vivendo um padre que 'muda de lado' e se alia à criatura.
O trabalho do diretor Eugenio (Gene) Martin não deve ser menosprezado. Ele conseguiu tirar leite de pedra do orçamento limitado que dispôs. Todos os cenários são sobras de seu filme anterior, 'Pancho Villa' (que saiu por aqui faz pouco tempo...). Fora isso, o elenco está uniformemente bem dirigido, e os climas sempre são bem criados, o que nem sempre ocorria em fitas de baixo orçamento dessa época. Segundo quem os conheceu, este filme preserva muito da personalidade de Christopher Lee e Peter Cushing fora da tela, ambos estão muito naturais e relaxados. Trata-se também do primeiro filme rodado depois que Cushing ficou viúvo, com Lee servindo de apaziguador dele com o resto da equipe.
Para melhorar tudo, achei o DVD deste filme no mercado, a módicos dez reais. O DVD usa como base o disco americano, preservando inclusive uma trilha em espanhol que não está descrita em nenhum lugar da embalagem. Ótima compra, ainda mais por este preço.

10.8.06

ULMER

Uma das coisas boas das férias é fazer o que normalmente não dá prá fazer... como ir para a TV a cabo depois do almoço e sair catando filmes para ver. Na terça descobri um documentário sobre Edgar G. Ulmer passando no canal HBO, que se passasse normalmente eu não ia descobrir(já que ingenuamente eu ligo documentários ao canal GNT). Muito bom. 'Edgar G Ulmer, the man offscreen' entrevista atores que trabalharam com Ulmer, diretores (Joe Dante, John Landis, Wim Wenders, Roger Corman), críticos de cinema (Tom Weaver, um ou dois almeãs), sua filha Arianée e, curiosamente, o próprio, com a reprodução de trechos de sua entrevista com Peter Bogdanovich publicada no seu livro de entrevistas com diretores.

O único defeito, não sei se do documentário ou da legendagem, foi a não identificação dos participantes. Se eu não conhecesse boa parte da turma de outros carnavais eu não ia saber quem eram aquelas simpáticas pessoas, podia achar que eram atores, por exemplo.
Uma das frases mais bacanas do documentário é de Joe Dante. Qualquer idiota faz um filme com quarenta milhões de dólares, difícil mesmo era fazer um filme com quarente mil, em seis dias e praticamente sem cenários. A descrição da técnica de Ulmer, de como ele fez uma das obras-primas da Universal (O Gato Preto, com o personagem de Boris Karloff inspirado no então vivo Aleister Crownley) e foi botado a correr do estúdio após roubar a mulher de um primo do dono do mesmo, Carl Laemmle, e ser obrigado a trabalhar o resto da vida no 'Poverty Row' (estúdios paupérrimos fora do eixo das superproduções), em filmes étnicos (só com negros e falados em íidiche, rodados em Nova York), e por fim na Europa, nos anos 50 (quando isso era suicídio comercial para os diretores que trabalhavam na América). Eu já tinha lido sobre essa bela saga, mas vê-la contada, com vários de seus protagonistas, sempre é legal. E tem os próprios filmes, que são ótimos. Não vi todos, mas os que eu vi (Detour, O Gato Preto) são sensacionais.

HOLMES 2005


Na mesma tarde de terça descubro uma produção recente sobre Sherlock Holmes, 'Sherlock Holmes e o caso da meia de seda'. Da BBC, de 2004, com Rupert Everett no papel título. Trata-se de uma adaptação modernosa, com Holmes perseguindo um serial killer, lendo livros de psicologia (dados pela noiva de Watson, uma milionária americana), viciado em cocaína (algo tangenciado nos livros de Conan Doyle, muito valorizado nas últimas adaptações) e totalmente assexuado (mesmo com Everett no papel principal, achei que ele ia dar umas desmunhecadas), ao contrário de adaptações recentes, em que tanto Holmes ficava correndo atrás de mulheres ou era retratado abertamente como homossexual. A gente é o que a a gente lê, Holmes, junto com Júlio Verne, foi a primeira coisa que eu li não infantil, logo sempre que eu vejo uma adaptação eu dou um jeito de ver. A versão mais curiosa que vi é uma filmagem russa, com Moriarty vivido por um ator que lembrava o dr. Mabuse dos filmes de Fritz Lang e várias (e pouco sutis) referências à decadência do capitalismo... Falando em versões, fazem alguns anos que não fazem nenhuma adaptação de Holmes com grande orçamento, hein...

PS - Agora que a mudança de formato parece que resolveu o problema que eu estava tendo com ilustrações, dei uma ilustrada nos posts anteriores. Sugiro uma olhada neles, várias colocações minhas fazem mais sentido com fotos...


9.8.06


VIOLENT CITY


Uma boa surpresa: um filme de Sergio Sollima que apareceu por aqui sorrateiramente nas bancas, bem barato (comprei a 10 reais)... que é ótimo. Trata-se de um thriller bem setentista, no sentido de ser bem frio e 'prá baixo', sobre um assassino de aluguel aposetado que sofre um atentado e vai a Nova Orleans (uma geração antes do furacão) se vingar dos supostos mafiosos que o queriam morto... sem saber que o perigo estava mais próximo dele do que ele pensava.

O jogo já começa dois a zero quando a gente vê o elenco: Charles Bronson, Telly Savallas, Jill Ireland (no auge de sua beleza)... Bronson antes de ficar 'marcado' por 'Desejo de Matar', se sai muito bem como o pistoleiro silencioso e vingativo, que lembra vários pistoleiros de spaghetti western. Ireland, que eu só conhecia dos thrillers como mesmo Bronson do final dos anos 70, faz seu papel de femme fatale de maneira muito competente. e Savallas, antes de ser Kojak, é um chefe mafioso dos mais ameaçadores.
A cópia lançada por aqui é curiosa: preserva o frame de widescreen (2.35:1) mas alterna entre diálogos em inglês e italiano. Segundo o IMDB, o DVD americano tem 8 minutos a mais que a versão original lançada nos cinemas dos EUA nos anos 70, com as cenas a mais mantidas em italiano, pois as mesmas não foram dubladas em inglês... mas vendo o filme dá a impressão que pelo menos um terço dos diálogos está em língua carcamana. Outro fato curioso é que o filme se passa em Nova Orleans, mas foi rodado em Cinecittá, com algumas cenas da segunda unidade rodadas nos EUA.
Vendo esse filme fica a vontade de assistir os outros filmes policiais de Sollima, de preferência em widescreen e legendado em português. Adoraria ver alguma distribuidora se habilita a lançar uma Damiano Damiani Collection, uma Sergio Sollima Collection, uma Enzo Castellari Collection... em resumo, uma coleção com os filmes italianos de gangster dos anos 70.

6.8.06


QUADRILHA DE SADICOS

Quando eu vi a versão de Alexandre Aja para o filme de Wes Craven, que era adorado por toda a minha geração de cinéfilos (que, como eu, o viu no Supercine, no final dos anos 80), pensei que não ia ser necessario comenta-lo. Nas primeiras conversas com os amigos sintonizados com o meu gosto (Carrard, Verardi, Caraça, enfim, os suspeitos de sempre) houve o que não houve, por exemplo, na refilmagem de outro dos nossos filmes, Massacre da Serra Eletrica: unanimidade. Minha opiniao ia ser dispensavel, entao... foi so começar a ler as resenhas da imprensa especializada que vi que ia precisar sair em defesa do mesmo...

As primeiras resenhas que me irritaram vieram de sites pretensamente para jovens... nas tres resenhas se reclamou do excesso de violencia do filme. Provavelmente eles queriam que a tribo de canibais cercassem o trailer da familia no deserto e ficassem gratando bu bu bu, como indios de filmes americanos dos anos vinte e trinta, e que a familia saisse e negociasse a rendiçao deles... outro critico, que por sua antipatia a filmes de horror esta se tornando uma especie de Tuio Becker de sua geracao (com sua imortal logica de normalmente nao gosto de filmes de horror... e desse eu nao gostei tambem!!!), apelou para o antiamericanismo, numa saida a Sergio Davila (que, em seus tempos de critico na Folha, via a doutrina Bush em todos os filmes americanos que apareciam, assim como denunciou o novo Planeta dos Macacos como racista) acusou o filme de ser americanoide... sei, num filme em que os viloes existem por terem sido bombardeados por material radioativo pelo exercito americano, aonde eles acusam os EUA de serem responsaveis por eles serem daquele jeito e que um personagem literalmente maluco sai cantando o Star Spangled Banner, e ainda por cima e dirigido por um frances (e cuja equipe e majoritariamente francesa e marroquina), que tem todos os motivos do mundo para detonar a America (e detona em varios momentos) a criatura viu isso... e fogo...
De minha parte, achei o filme exemplar. Muitíssimo bem dirigido por Alexandre Aja, o primeiro grande diretor de cinema fantastico a vir da França desde o octagenario Jean Rollin. Por mais que o roteiro tenha uma falha ou outra, e que existam alguns cliches, ele dribla tudo isso com uma excepcional habilidade de criar cenas tensas, e um olho sensacional, seja para casting (todos os atores estao perfeitos, começando por Billy Drago, que eu estava com o maior medo de detonar o filme por suas, como posso falar, limitaçoes como ator. O ator que faz o papel do protagonista (Aaron Stanford), que tem sua filha sequestrada pela quadrilha, esta sensacional, numa interpretaçao que lembra muito a de Dustin Hoffman no classico Sob o Dominio do Medo. Alias, esse e um dos tantos filmes citados por Aja aqui, o outro mais lembrado e Inverno de Sangue em Veneza (numa citaçao reconhecida pelo Cristian, pois eu havia visto ali a Chapeuzinho Vermelho). Em resumo, um dos filmes do ano para quem curte cinema fantastico.

PS estou em Livramento gozando 15 dias de mais que merecidas ferias. Ao contrario das outras vezes que vim para ca o computador esta funcionando, o que significa que eu vou poder fazer atualizaçoes no blog de dois em dois dias, algo impensavel para mim sob circunstancias normais quando estou trabalhando em Porto Alegre. Meu problema por enquanto e descobrir aonde ficam os acentos nessa MERDA dessa laptop. Vou ver tambem se descubro por que nao estou conseguindo colocar fotos no meu blog, e se aprendo a linkar endereços para ca. Nao tem como ser tao dificil...

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